sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Canarinho, da Rebentona



Década de 60. Uma época marcada por vários acontecimentos políticos como a campanha da legalidade em favor da posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros em 1961. Outro importante acontecimento na área política foi o golpe militar de 64 que destituiu João Goulart da presidência da república, se iniciando a ditadura militar. Os anos 60 também marcaram o surgimento na música dos Beatles na Inglaterra e da Bossa Nova no Brasil. No futebol, a seleção brasileira conquista o bi-campeonao mundial em 1962 na Copa do Mundo disputada no Chile. Em meados desta década surge na localidade de Rebentona, interior de Candelária, a equipe de futebol do Esporte Clube Canarinho.
O agricultor Nivio Berle, mais conhecido por Chico, atualmente com 56 anos, é quem conta a história da agremiação. Segundo Chico, que atuou como lateral direito da equipe, o time começou a surgir em meados da década de 60 quando ele e os amigos começaram a jogar futebol aos domingos à tarde no campo situado na propriedade de Ronaldo Edgar Mueller. “Sempre juntava jogadores da Rebentona e do Faxinal de Dentro aos domingos e aos poucos, a idéia de se formar o time foi se materializando”, lembra. Os amigos então decidiram criar o time e escolheram o nome de Canarinho, que foi aceito por todos. Enio Muller foi eleito o 1º presidente da equipe. Nos primeiros anos, a equipe tinha o uniforme branco com detalhes em verde, passando depois para o uniforme amarelo. A agremiação disputava amistosos contra equipes do distrito de Vale do Sol, Vera Cruz e Candelária. “Sempre quando jogávamos na localidade de Coxilha do Mandell, em Vera Cruz, íamos de trator e reboque, pois a estrada era muito ruim. Perdi a conta de quantas vezes descíamos do reboque para empurrar o trator e o reboque, que ficavam atolados”, lembra. O ex-jogador se recorda dos torneios de futebol que a equipe disputava na época, em diversas localidades do interior dos três municípios. “No Faxinal, por exemplo, tinha os times do Clube 4s, Vitória e Brasil, que sempre organizavam torneios com uma média de oito a dez times participantes”, conta.
MUNICIPAIS – A equipe da Rebentona participou de alguns campeonatos municipais. Chico lembra que a agremiação disputou os primeiros certames na década de 70, não se recordando os anos. “Jogávamos apenas com os jogadores da região e nunca passamos da primeira fase”, recorda-se. Em 1983, a agremiação da Rebentona foi eliminada nas semifinais da categoria titulares para o Pinheiro, que decidiu o titulo com o Olarias. No ano de 1985, a equipe foi novamente eliminada após empate em 1x1 com o Minuano, que foi finalista daquele certame, derrotando na final o São Jorge. O técnico do Canarinho era José Carlos Braga, o popular Zezinho, que se recorda daquela eliminação. “Tinhamos um bom time, em condições de vencer o Minuano. Devido a uma péssima jornada da arbitragem, caímos fora naquela partida”. O time de 85 foi composto por Lauro Moura, Betinho, Aldemar, Cleo e Irguinho. Eloi, Peixe e Chiquinho. Odir, Jóia e Joel Pereira Nunes. O técnico da equipe era José Carlos Braga. Entre os reservas, o Canarinho, da Rebentona, sagrou-se campeão ao vencer o União, da Boa Vista, por 1x0, gol de Joel Pereira Nunes. A final dos reservas foi disputada em partida única no Estádio Darcy Martin. Zezinho destaca o oportunismo do centroavante Odir e a rapidez de Joel, na época com 17 anos. “Era um ataque forte, que intimidava os zagueiros”, lembra. A última participação em municipais aconteceu no ano de 1989, quando a equipe não obteve a classificação para as finais do certame. O Canarinho, da Rebentona, existiu até o início da década de 90. Chico Berle salienta que a juventude da localidade não quis levar o time adiante “Os que encabeçavam o time estavam mais veteranos e os jovens daqui preferiram outras opções de lazer”. Outro fator que levou a equipe a se dizimar foram os custos na disputa das competições. “Quando iniciamos, se jogava com amor a camisa, amor ao time. Depois que o dinheiro entrou no futebol amador, aquela magia acabou se terminando. Hoje não se vê mais aquele sentimento pelo time, pela localidade. Infelizmente isto não existe mais”, finalizou.

O São João, de Linha Ana



Dia 24 de junho, dia de São João. Segundo a Bíblia, a data comemora a data de nascimento de João Batista, considerado pelo povo como o “santo festeiro”. Reza a lenda que neste dia, os fogos de artifício soltados são para acordar São João. A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria à terra. Em Candelária, no dia 24 de junho de 1967, era fundado oficialmente na localidade de Linha Ana, na região da serra, a equipe da Sociedade Esportiva São João.
O agricultor aposentado Lírio Anton, hoje com 71 anos, conta que a equipe surgiu dois anos antes da fundação oficial, em meados de 1965, quando ele, os irmãos Elias e Mauricio Anton e os amigos Claudino Rech, Eliseu Rech, Celestino Melz e Lino Melz resolveram se reunir e formar a equipe. Sobre o nome do time, Lírio conta que São João foi escolhido como uma forma de homenagear o santo. “Na época já existia o São Bento na Linha do Rio e, em homenagem ao dia de São João, resolvemos colocar este nome no time”, diz. Nos primeiros anos, a equipe disputava somente amistosos pela região. O campo da equipe ficava situado na propriedade de Waldemar Klafke, em Linha Ana. Seu Lírio se recorda de um torneio amistoso vencido pela equipe em 1966, na localidade de Alto Castelhano, no Vale do Sol, quando o São João derrotou a equipe do Fontoura Gonçalves, de Alto Castelhano, por 2x1, recebendo da equipe derrotada uma taça. “Jogávamos apenas amistosos como uma forma de integração com as outras comunidades”, conta. A equipe também enfrentou equipes como São Bento, Olarias, Palmeiras, da Linha Alta, Formosa (Vale do Sol), entre outros times.
PADRES - Lírio, que era ponta-direita, destaca a participação de Zeno Rech e Genemar Melz, que na época estudavam para serem padres. “Quando os padres estavam, era difícil nós perdermos os amistosos. Ambos eram fortes e jogavam muito”, conta. Outro jogador que se destacava era o centroavante Eliseu Rech. “Este era goleador, sabia fazer gols”. Outro ponto positivo destacado por Lírio foi a ativa participação da torcida nas partidas amistosas. “Na época tinha muitas meninas e elas sempre acompanhavam os jogos aqui e nas outras localidades”.
BANDEIRA - As cores do time eram azul e branco. No dia 24 de junho de 1967, uma solenidade no antigo Salão Anton, marcou a fundação oficial da equipe. Na oportunidade, a bandeira da equipe, doada pelo deputado estadual Norberto Schmidt, foi batizada e o time recebeu um uniforme, nas cores do Grêmio, doado por Silvérius Kirst, na época, também deputado. A agremiação seguiu disputando amistosos, mas o time de futebol acabou terminando em 1969. A partir de 67 também começou a funcionar a sociedade, que existiu até 1973 no Salão Anton. A equipe do São João não chegou a disputar campeonatos municipais. Após a extinção desta equipe, a comunidade de Linha Ana não teve mais times de futebol. “Os jovens daqui começaram a ir embora cedo e ninguém mais se interessou. É uma pena, pois era um lazer que envolvia diversas famílias aqui na comunidade”, diz Lírio. Fizeram parte da equipe os seguintes jogadores: Lírio Anton, Elias Anton, Mauricio Anton, Theomero Konrad, Armindo Konrad, Eliseu Rech, Álvaro Klafke, Celestino Melz, Augustino Morsch, Romeu Zenam, Albino Ferreira, Zeno Rech, Genemar Melz, entre outros. Álvaro Klafke era o técnico e Lírio Anton foi o primeiro presidente.
Na foto que ilustra a matéria, uma das formações do São João: Lino Melz, Theomero Konrad, Eliseu Rech, Armindo Konrad, Alvaro Klafke e Elias Anton. Agachados: Lirio Anton, Celestino Melz, Augustino Morsch, Mauricio Anton e Romeu Zenam

O Flor da Serra, da Picada Karnopp



1963 foi marcado por eventos reconhecidos nacional e internacionalmente. Naquele ano ocorreu o primeiro vôo do Boeing 727, Maurício de Sousa criou a personagem Mônica, a Rede Tupi realizou a primeira transmissão em cores do Brasil, o cardeal Giovanni Battista Montini foi eleito Papa, tomando o nome de Papa Paulo VI, Ieda Maria Vargas foi eleita Miss Universo e o presidene americano John F. Kennedy foi assassinado durante uma visita a Dallas, no Texas. Pela pacata terra candelariense, foi fundado no dia 13 de janeiro de 1963, na localidade de Picada Karnopp, a Sociedade Esportiva Flor da Serra, com o objetivo de unir os laços de amizade através da prática do futebol, mas que acabou entrando na história do futebol no município.
Segundo o ex-lateral esquerdo da equipe, hoje proprietário da revenda Gündel Veículos, Reinaldo Gündel, nos primeiros anos, o campo do Flor da Serra ficava localizado na propriedade de seu pai, Fredolino Gündel, na localidade de Picada Karnopp. “Seu Naldo”, como é conhecido, conta que nos primeiros jogos da equipe, a maioria dos jogadores se deslocava a cavalo para as partidas. “Algum tempo depois, o Arnildo Otto (já falecido), comprou um caminhão e passou a transportar a nossa equipe”. O Flor da Serra era muito conhecido por jogar vários amistosos e torneios. “Uma vez disputamos um torneio de futebol na Linha do Salso, no campo de propriedade do Bubi Rutsatz com duas equipes. Vencemos tradicionais equipes da época como o Tabacos e o São Bento, ambos do Passa Sete, e fizemos a final do torneio”, recorda. Outro fato marcante foi um amistoso que a equipe verde e branca de Picada Karnopp disputou contra o Olarias, na Linha do Rio. “Vencemos aquele amistoso por 6x0, com o João Moraes marcando quatro gols. Na semana seguinte, o Olarias convidou o João para fazer parte do plantel deles”. Seu Naldo relata ainda que grande parte dos jogadores da equipe disputavam campeonatos com o time do São Miguel, do Pitingal, o qual existe até hoje. Em meados dos anos 70, a equipe mudou o campo para a entrada do Arroio Lindo, onde hoje está localizado o Ginásio de Esportes da Vila União. A equipe existiu até o início dos anos 80, quando acabou se dizimando. “Os que gostavam de futebol na região acabaram vindo para a cidade e os mais novos não continuaram com a equipe”, disse. Participaram do Flor da Serra os seguintes membros: Delano Wagner, Cirilo Wagner, Miro Rutsatz (Melado), Otomar Rutsatz, Erno Goelzer, Egon Frömming, Zenildo Quoos, Cidimar Krieck (Pastor Krieck), João Morais, Reinaldo Gündel, Romildo Gündel, Heitor Klaus, Sandor Cristmann, Arthur Rohde (já falecido, pai do secretário de Obras, Ênio Rohde), Adão Moraes, Quinco de Morais, Balduíno “Baldo” de Moura, José dos Santos, entre outros. Ataliba de Morais foi o primeiro técnico e Ari Ensllin o primeiro presidente da agremiação.
a S. E. Flor da Serra: Delano Wagner, Sandor Christmann, Adão Moraes, Élio Carneiro, Oscar Moraes e Balduíno de Moura. Agachados: João Moraes, Eliseu Ferreira, Egon Frömming, Zenildo Quoos e Reinaldo Gündel.

O Gaúcho, da Linha Palmeira














1957. Em 4 de outubro daquele ano, os olhares do mundo se voltaram à antiga União Soviética, que lançava uma esfera de aproximadamente 50 centímetros ao espaço. O Sputnik foi o primeiro satélite artificial da Terra e não tinha nenhuma função, a não ser transmitir um sinal de rádio, um “beep”, que podia ser sintonizado por qualquer rádio-amador.
Alheios a notícias desta natureza, e bem longe da tecnologia que despontava, em meados daquele ano, um grupo de amigos se reunia aos finais de tarde na localidade de Linha Palmeira para dar atenção a outra esfera: uma bola de futebol. A modalidade começava a se expandir pelo interior do município e com o objetivo de enfrentar equipes de outras localidades, os irmãos Alduíno, Sílvio, Pio e Epaminondas Pinto Porto, resolveram fundar o Esporte Clube Gaúcho, de Linha Palmeira.
José Carlos Braga, o Zezinho, na época residia na localidade e jogava como centroavante da equipe. É ele quem conta sobre o primeiro jogo da agremiação, que tinha como cores o azul, preto e branco. “Foi contra o Botucaraí, na Vila Botucaraí. Realizamos aquele amistoso e fomos derrotados por 7x0”, recorda-se. No final de semana seguinte, Zezinho conta que a equipe propôs a revanche, que foi disputada no campo do Gaúcho, situado na propriedade de Erwino Diehl. “Reforçamos a equipe com três jogadores de Cachoeira e derrotamos eles por 3x1”. Nos anos 50 e 60, não existia Campeonato Municipal. Zezinho salientou que a agremiação disputava amistosos e torneios de futebol de campo aos finais de semana, vindo a conquistar aproximadamente 30 taças, oriundas dos torneios. Um dos mais marcantes, vencido pelo Gaúcho, foi organizado pelo time do Sarrazani, do Faxinal dos Porto, que contou com a participação de aproximadamente 27 equipes e foi disputado em um domingo. “Naquele torneio vencemos 10 partidas nos pênaltis e fomos campeões”. O destaque do torneio foi o meia-esquerda do Gaúcho, José Carlos Porto, que em 30 chutes, acertou 29 cobranças de pênaltis.

CLÁSSICOS – Os grandes rivais do Gaúcho sempre foram o Botucaraí e o Independente, do Bom Retiro. O cabeleireiro Darci Paz, ex-lateral esquerdo do tricolor da Palmeira, conta que os duelos mais acirrados eram com a equipe do Bom Retiro. “Existia uma rivalidade muito forte entre os dois times e os jogos eram bem equilibrados”, conta. Em 1972, a equipe de Linha Palmeira disputou o seu único Campeonato Municipal, sendo desclassificada na última rodada pela agremiação do Bom Retiro, após um empate em 2x2 na Linha Palmeira. Naquele ano, o Independente fez a final do certame com o Tabacos, do Passa Sete, que sagrou-se campeão ao derrotar a equipe do Bom Retiro na decisão por 3x1, em partida única disputada no Estádio Darcy Martin. A agremiação de Linha Palmeira acabou sendo desativada em 1973. “Naquela época se jogava futebol com amor. Sinto saudades daquele time pela amizade e o companheirismo que tínhamos”, disse Darci. Fizeram parte do Gaúcho, os seguintes membros e atletas: Alduino Pinto Porto (1º presidente), Silvio Pinto Porto, Pio Pinto Porto, Epaminondas Pinto Porto, Elemar Porto, René Porto, Celso Roque Porto, Joaquim Porto, José Carlos Porto, José Carlos Braga (Zezinho), Omar Braga, Osmar Braga, Gricéri Porto Silva, Alberto Dorneles, Darci Paz, Diuverci Dorneles, Arlindo Jung, Enio Jung, Armindo Silzes, Ere Ellwanger, Lori Ellwanger, Ládio Landskrow, Danilo Rebhein, Ortunho da Silva, Otomar Wollmann, Livino Wollmann, Bercino Seberino, Alcides Seberino, Betinho Garske, Paulo Ritzel, Luis Ritzel, Danilo Landskrow, entre outros. Armando Deza foi o primeiro técnico da equipe.