terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ouro Preto, Pinheiro













Quem já não ouviu falar de Ouro Preto? Uma cidade mineira, denominada em 1698 de Vila Rica. Em 1720, foi escolhida como a capital da província de Minas Gerais e em 1823, após a Independência do Brasil, passou a ser designada como a cidade imperial de Ouro Preto, chegando a ser a capital do Estado de Minas Gerais até 1897. Também foi referência nacional na extração de ouro e minério no período pré-colonial e imperial. Atualmente, possui uma população de 70 mil habitantes, é famosa por sua arquitetura colonial, rodeada de belas igrejas e prédios históricos, construídos nos áureos tempos. Em 1980, foi a primeira cidade brasileira escolhida pela UNESCO como patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Na localidade do Pinheiro, interior de Candelária, um time de futebol recebeu esta denominação em 1974. Conforme os irmãos Mauro, Lauri e José Luis Glashorester, a ideia de formar uma equipe para unir os amigos partiu de Mauro. A iniciativa foi apoiada pelo seu pai, Utalcino Gomes Glashorester, que cedeu um espaço em sua propriedade para construção do campo. Foi ele também quem comprou o primeiro terno de camisetas, nas cores amarelo e preto. Por votação, os integrantes escolheram o nome de Ouro Preto. Lauri lembra que o primeiro jogo oficial do time foi contra o Marabá, do Rincão dos Bois. O ex-jogador conta ainda um fato curioso daquela partida. "O goleiro do Marabá havia feito uma defesa e segurado a bola firme. Depois, o Morcego, que era nosso atacante, estava na frente do goleiro, que largou a bola nos seus pés. Com isso, ele fez o gol. Alegando lance irregular, os jogadores do Marabá cercaram o árbitro Bida Coimbra, que mesmo com a pressão, validou o gol", diz. Uma das primeiras formações contou com Clementino, Mauro, José Luis, Sadi e Edemar. Lauri, Hélio, Amauri e Airton. Ilo e Morcego. Jogaram ainda Ademar, Aramis, Jair Ponciano (Negrão), entre outros. Os primeiros amistosos foram contra Marabá, Mauá (Rincão dos Bois), Pedras Brancas, Boa Esperança (Rincão do Taquarussú), Independência (Bom Retiro), Coxilha Verde, União, entre outros.
Os irmãos recordam de outro fato curioso envolvendo Jair Ponciano, o popular Negrão. Segundo Lauri, Negrão era zagueiro, mas sempre jogava de boné. Porém, durante um jogo com o União, no Bexiga, o árbitro da partida, que era policial militar, não o autorizou a jogar de boné. "Diante da proibição, o Negrão frisou que se ele não pudesse jogar de boné, nunca mais jogaria futebol. O Mauro foi pedir para ele tirar o boné, mas saiu de campo e nunca mais voltou a praticar o futebol", afirma.

ASSOCIAÇÃO - Em 1986, o Ouro Preto fez uma fusão com o Pinheiro e fundou apenas um time na localidade, o qual foi chamado de Associação Pinheiro. José Luis comenta que a Associação tinha cerca de 40 sócios que pagavam mensalidade para manter o time. Durante dois anos, a equipe fez amistosos e utilizou os dois campos realizando um, toda semana, como praça esportiva. No período, conquistou o campeonato de campo de 1987 ao derrotar o Boa Vista, do Capão do Valo. Depois da conquista, o acordo foi desfeito e o Ouro Preto voltou a ativa.

Os clássicos com o Pinheiro
Segundo o atual presidente do Ouro Preto, Alceu Glashorester, com o término da associação, o time não tinha condições de reiniciar suas atividades. Ele diz que por intermédio de Alcebíades Coimbra, que patrocinou um terno de camisetas, o grupo voltou a disputar amistosos naquele período. Com o fim da Associação, surgiu o clássico entre Pinheiro e Ouro Preto na localidade. Na volta do jalde-negro foram disputados dois amistosos contra o Pinheiro, que foram vencidos pelo verde e branco. "Aquelas foram duas grandes partidas, disputadas na bola", conta. Em 1998, na inauguração do novo campo do Ouro Preto, já na propriedade de Alceu Glashorester, disputa novamente com o Pinheiro e vitória para o Ouro Preto. Em jogos oficiais, as equipes se enfrentam desde o municipal de 99, somando oito confrontos. Desde então, o Ouro Preto venceu seis clássicos titulares e três nos reservas. Os últimos dois aconteceram nas semifinais do municipal de 2008, disputadas no estádio Darcy Martin, com o Ouro Preto vencendo os dois jogos nos titulares e nos reservas.

A sina do vice
O Pinheiro passou a disputar vários campeonatos nos anos 90. Na categoria titulares, obteve o troféu disciplina no municipal de campo de 1991. Em 94, o Ouro Preto foi vice-campeão da Copa Antártica ao ser derrotado pelo Canarinho, da Linha Facão, e da Copa da Amizade, ao perder a final para o Quilombo. No ano seguinte, o Pinheiro também foi vice-campeão do campeonato do campo ao perder a final para o Boa Vista, do Capão do Valo.
Em municipais, o Ouro Preto disputou as semifinais nos anos de 1999 e 2000, quando foi eliminado, respectivamente, por Ouro Verde e Minuano. Em 2006, o Pinheiro caiu para a segunda fase, ao ser novamente eliminado pelo Ouro Verde. Nos certames de 2007 e 2008, o Ouro Preto chegou às finais. Na primeira, em 2007, contra o União, o presidente destaca que foi a derrota mais dolorosa ao longo dos mais de 30 anos de história do time. "Na final com o União nós já havíamos vencido o primeiro jogo e estávamos vencendo o segundo por 2x0. Tomar a virada e perder aquele título, mesmo com dois jogadores a mais, é inacreditável, mas aconteceu. Aquela derrota me dói até hoje", confessa. Em 2008, o time teve a oportunidade de conquistar o título novamente, mas perdeu na final para o Ouro Verde, da Linha Bernardino.

Títulos vieram no segundinho
Já o segundinho obteve as principais conquistas do time. Em 94, conquistou a Copa da Amizade nos reservas ao vencer o Boa Vista. No campeonato de campo, o time B foi o campeão na competição por pontos corridos, que contou com a participação de cinco equipes (Pinheiro, Boa Vista, Ouro Preto, Coxilha Verde - Rincão do Taquarussú e Canarinho - Rincão da Lagoa). Em 2008, os reservas conquistaram o título de maior expressão ao sagrarem-se campeões municipais dos reservas depois de derrotarem o Gaúcho, da Linha Travessão, nos pênaltis. O time campeão foi formado com Diego, Rodrigo, Joel, Dionatan e Julio. Joelson, Alex, Daniel e Adriano. Rogério e Fernando. Jogaram ainda Alceu e Ricardo. Técnico Joel.

Titulares conquistam municipais de campo e sete

Em 2010, o Ouro Preto quebrou a sina dos vice-campeonatos e conquistou pela primeira vez na história o título de campeão municipal de futebol de campo ao derrotar na final a equipe do Ouro Verde, da Linha Bernardino. Após empate no primeiro jogo em 0x0, a equipe do campo foi superior e conquistou o título ao vencer o segundo jogo por 2x0, gols de Lauri e Rafael. Em maio de 2011, o Ouro Preto também sagrou-se campeão municipal de futebol sete ao derrotar o rival Pinheiro na decisão dos titulares. No primeiro jogo, empate em 1x1, gols de Rafael para o Ouro Preto e Matias para o Pinheiro. No segundo jogo, o Ouro Preto venceu por 3x1, gols de Diego Freitas (2) e Gerson. Matias marcou para o Pinheiro. O time campeão do sete foi formado com Marcelo, Gerson, Alex, João Paulo, Diego Fonte, Rafael e Diego Freitas. Também participaram Geovane, Adriano, Julio, Adiel, Joel, Diego Carvalho, Guilherme e Rogério. Marcelo foi o goleiro menos vazado e Diego Freitas foi o goleador da categoria com 13 gols. Nos reservas, Rogério foi o goleador com 14 gols e nos veteranos, o presidente Alceu Glashorester foi o goleador com 18 gols.

Ouro Verde, Linha Bernardino













Alambique
. Equipamento feito de cobre. Utilizado desde os tempos remotos para destilação simples, é ainda o instrumento essencial para produção de cachaça. Em meados da década de 50, uma família da Linha Bernardino teve a ideia de produzir cachaça de alambique. Reinaldo Frederico Eckel e Rainildo Odilo Eckel foram os fundadores do invento na propriedade da família. Segundo Neusa Eckel, filha de Reinaldo, a produção era feita de forma artesanal. Ela lembra que se utilizavam antigas moendas de cana movidas à agua para extrair a garapa da cana-de-açúcar. Depois, o líquido era colocado em um tacho de madeira, onde ficava fermentando por dois dias. Só aí ia para o alambique de cobre, no qual se fazia a destilação.
Com a fama do negócio na localidade, alguns amigos sempre se reuniam aos finais de tarde na propriedade para provar a cachaça artesanal. Num destes encontros, no dia 14 de abril de 1966, um grupo de seis amigos teve a ideia formar um time de futebol. Loreno Pomerening, atual presidente do Ouro Verde, recorda que ele, junto com os amigos Reinaldo Eckel, Rainildo Eckel, Valter Gelsdorf, Hari Gelsdorf, Flori Schuck, Lauro Pothin, Reneu Kochenborger, Danilo Schuck, entre outros, sugeriram a formação do time para jogar futebol aos finais de semana.
Tendo em vista que a iniciativa surgiu no alambique, o grupo escolheu o nome de Esporte Clube Alambique. O primeiro campo da equipe foi construído na propriedade de Danilo Schuck, que ficava em frente ao alambique dos Eckel. Depois de a agremiação estar formada, mais um fato marcante. "Lembro que não tínhamos bola. Como não tínhamos recursos, tivemos que pedir para os nossos pais um dinheiro para comprarmos uma bola. Meu pai não queria deixar, pois achava que jogar futebol era só para se machucar", conta o presidente.
Através de uma "vaquinha", os integrantes do Alambique compraram a primeira bola. Era uma número 3, de couro. Foi então que eles começaram a disputar amistosos contra os times da região e do interior. O Alambique enfrentou Gaúcho e Cruzeiro (Linha Travessão), Onze Estrelas (Linha Brasil), Picada Escura, Pinheiro, Botucaraí, Minuano, entre outros.

JORNADA - Um amistoso entre Gaúcho e Ouro Verde, na Linha Travessão, ficou marcado na memória do presidente. "Uma vez fomos a pé jogar contra o Gaúcho no Travessão. Atravessamos o morro da Bernardino e chegamos ao campo. Após a partida, o pessoal acabou tomando umas cervejas a mais e na volta acabamos nos perdendo pelo mato. Fomos chegar em nossas casas próximo da meia - noite", revela. Em 1969, o Alambique passou o campo para a propriedade de Reneu Kochenborger.
Com a mudança e em função das cores da camisa do time, que era listrada em verde e amarelo, mudaram o nome para Esporte Clube Ouro Verde. "Além das cores, decidimos colocar esse nome também pelo fato de todos os jogadores da equipe serem agricultores e cultivarem o fumo aqui na localidade", conta.

O primeiro título municipal em 71
Em 1970 teve início o primeiro campeonato municipal da história. O Ouro Verde foi uma das equipes participantes daquela competição, que teve o Tabacos como campeão e o Independência, do Bom Retiro, como vice. No campeonato seguinte, em 1971, a equipe da Linha Bernardino montou um time considerado, até hoje, como uma das referências na localidade.
Quem recorda desta formação é o agricultor Valdomiro Beloti. Hoje com 62 anos, o ex-centroavante do Ouro Verde lembra que em 71, oito equipes disputaram o título no sistema todos contra todos em turno e returno. A equipe que obtivesse o maior número de pontos conquistava a taça de campeão. Os adversários do Ouro Verde foram o Independência, Tabacos, Olarias, Minuano, Canarinho (Linha Facão), Botucaraí e Gaúcho. Durante aquele campeonato, Beloti lembra que havia sofrido um acidente doméstico, ficando de fora da equipe por quatro rodadas. Ao retornar, acabou jogando a partida decisiva contra o Minuano, na Vila Fátima, e que decidia o título daquele ano. "O Minuano era o favorito para vencer aquele campeonato, pois tinha um grande time e jogava aquela partida em casa", diz. No início do jogo, disputado no campo de propriedade de Esmelindro Soares Cezar, na Vila Fátima, o Ouro Verde foi para cima e fez 2x0, com dois gols de Iá. No segundo tempo, Beloti conta que o Minuano era só pressão e no contra-ataque, a equipe da Linha Bernardino fez o terceiro gol com Hilário Ullmann. Joaquim Porto marcou o gol do Minuano. "Saímos de lá com a taça e comemorando o título. Aquela conquista foi mérito de toda a equipe, que era bastante unida", destaca. O time campeão em 1971 foi formado com Sílvio Minks, Ledo, Paulo Bolacha, Eligio e Alfeu. Ruben Schneider, Delmar e Iá. Juarez, Valdomiro Beloti e Hilário Ullmann. O treinador da equipe era Adão Dias, o Tio Mico.

JOGO HISTÓRICO - Em 1976, prosseguem Loreno Pomerening e Valdomiro Beloti, houve uma histórica partida, que valia vaga nas semifinais do municipal daquele ano, entre Ouro Verde e Aliança. No primeiro jogo, disputado na Linha Bernardino, o Aliança havia vencido por 3x0. No segundo, realizado no Arroio Grande, o Aliança estava vencendo por 4x0 no primeiro tempo. Com a classificação praticamente garantida, o treinador trocou os principais jogadores da equipe para poupá-los, visando as semifinais contra o Olarias. Foi aí que, no segundo tempo, o Ouro Verde foi para cima e acabou conquistando uma histórica virada por 5x4. "O Valdomiro Beloti fez quatro gols em quinze minutos. Era um atrás do outro", lembra Loreno. Após empate na prorrogação, a equipe da Bernardino venceu o Aliança nos pênaltis, se classificando de forma heróica para as semifinais, em que foi derrotado pelo Olarias, que venceu o Botucaraí na final e conquistou o seu primeiro título municipal da história.
Dos demais municipais até 1978, o Ouro Verde participou, mas não figurou entre os finalistas.

A partir da conquista do título municipal de 71, o Ouro Verde ficou na espera por longos 27 anos até soltar novamente o grito de campeão. Nos anos 80, a equipe da Linha Bernardino disputou todos os municipais, mas não chegou a figurar entre os finalistas das respectivas competições. Somente em 1987, a equipe B do Ouro Verde conquistou seu primeiro e único título na categoria, ao derrotar o Canarinho, da Linha Facão, em final disputada no estádio Darcy Martin. Após a conquista de 87, o segundinho do Ouro Verde jogou as finais nos campeonatos de 98, 99, 2004, 2006 e 2007, sendo derrotado nas respectivas decisões por Minuano, Pinheiro, Unidos do Rincão e Atlético em duas oportunidades.
Já a equipe principal começou a mudar a história nos certames municipais a partir de 1994. Fabiano Ribeiro, hoje com 32 anos, foi o goleiro daquele grupo. Ele lembra que naquele ano os atletas disputavam um dos triangulares semifinais da competição e estavam próximos de se classificarem à final. Porém, devido a uma confusão envolvendo os tradicionais Minuano e Olarias na disputa de outro triangular semifinal, o confronto foi paralisado e finalizado pela organização.
Outro personagem importante na história da equipe, que iniciou no time de 94, foi o atual treinador Woldemar Roesch, o Voldi. Na época, atuava como volante no meio de campo. Ele recorda que o time estava bem entrosado e tinha todas as condições para chegar ao título naquele ano. "Foi uma pena aquela competição não ter sido finalizada", diz.
O time do Ouro Verde em 94 foi formado com Fabiano, Maurício, Flávio, Poio e Jandir. Voldi, Bao, Marcos Escobar e Hermes. Lito e Jonas.

As conquistas municipais
Durante quatro anos, os campeonatos ficaram paralisados. Apenas em 1998, através de uma iniciativa da Liga Candelariense de Esportes (LICE), na época comandada por Luis da Rosa Gomes, as competições municipais voltaram a ser realizadas. Devido à marca deixada em 94 e às amizades formadas na comunidade, Voldi e Fabiano voltaram a defender o Ouro Verde. Por problemas de saúde, o treinador não pode comandar a equipe de 98. Voldi lembra que após a disputa de um amistoso na localidade, foi convidado pelos jogadores e pela diretoria para treinar o grupo. Aceito o desafio, Voldi, junto com o presidente Valmir Eckel, tratou de formar a base para a disputa da competição, a qual contou com jogadores de Candelária e Sobradinho. O goleiro Fabiano, com a experiência de já ter vencido um intermunicipal pelo segundinho com o Unidos e o municipal pela equipe principal do Minuano, ambos em 93, lembra que aquele campeonato em 98 foi especial. "Disputamos 13 partidas, onde vencemos 10 jogos e empatamos três. Na final, derrotamos o Olarias nos dois jogos por 2x1. Foi marcante ver a festa que a torcida fez pela conquista daquele título, que tirou o Ouro Verde da fila", diz. Voldi, que naquele ano debutava como treinador, lembra da mobilização da comunidade. "Era crianças com o rosto, cabelo pintado, meninas fazendo bandeirinhas, papel picado, uma torcida fiel que acompanhava os jogos fora e em casa. Essa união da comunidade refletiu no time que se empenhava ao máximo em campo", falou.
O time bicampeão municipal em 98 foi formado com Fabiano, Luciano, Flávio, Serginho e Nelson. Catiara, Neguinho, Hermes e Luisinho. Jonas e Lito.
Em 99, Ouro Verde e Olarias voltaram a decidir o certame. Após três partidas emocionantes, com viradas e lances polêmicos, a equipe da Linha do Rio acabou dando o troco pela perda do título em 98 ao vencer o terceiro jogo no tempo normal por 4x1 e nos pênaltis por 4x3. O goleiro Fabiano diz que este jogo foi o pior de toda a sua trajetória vencedora. "Infelizmente não estava no meu dia naquela final", resume. Passado aquele jogo, ele largou o futebol e se dedicou exclusivamente ao trabalho e à família. Somente em 2006 atuou em duas partidas pela equipe do Unidos do Rincão. Ao analisar seu período no Ouro Verde, o goleiro salienta as amizades conquistadas. "Aquela conquista de 98 foi marcante. Até hoje, algumas pessoas passam por mim e se lembram daquela época, daqueles jogos. Fico feliz em ainda ser reconhecido e por ter dado a minha colaboração para a comunidade da Linha Bernardino", finaliza.
Em 2000, o Ouro Verde voltou a decidir o municipal. Voldi lembra que após o vice em 99, a diretoria decidiu apostar numa equipe formada apenas com valores locais. "Apostamos na renovação, com atletas jovens e que estavam pedindo espaço para aparecer no futebol candelariense", lembra. Na decisão, a equipe enfrentou o Minuano. Depois de vencer o primeiro jogo e ser derrotado no segundo confronto, quem vencesse o terceiro jogo no tempo normal, seria o campeão. O Minuano vencia o Ouro Verde até os 30min do segundo tempo, quando uma substituição feita pelo Minuano mudou o rumo da decisão. "Ao ver a modificação que o treinador deles tinha feito, lancei dois atacantes para buscar o empate", revela. Voldi lançou Bafinho e Cristiano na decisão. Com gols de Bafo e Bafinho, em 10 minutos, o Ouro Verde empatou a partida. Empatada na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis, com a equipe da Linha Bernardino vencendo o Minuano por 7x6. Destaque para o goleiro Geraldo, que acabou defendendo duas cobranças na decisão. "Sempre acreditei que poderíamos sair campeões e a gurizada lutou até o fim. Foi um título especial aquele de 2000", diz. O time tricampeão municipal foi formado com Geraldo, Bira, Gerson, Jandir e Leandro. Daltro, Bafo e Jociel. Zuza, Deivis e Jacomini. Entraram Maurício, Bafinho, Cristiano e Tioli.
Nos anos de 2002 e 2004, a equipe principal disputou novamente a final com o Olarias, sendo derrotada nas duas decisões. Em 2006, os meninos da Bernardino conquistaram o tetracampeonato ao derrotarem o Atlético nos dois jogos, por 2x1 e 3x0. O time, comandado por Voldi, contou com Marcelo, Jacomini, Gerson, Vanderlei e Caju. Noé, Gersinho, Márcio Fröeming e Medeiros. Helisson e Lucas. Entraram Clécio e Coelho. Em 2007, no único ano em que não comandou o Ouro Verde, por compromissos profissionais, a equipe principal foi eliminada nas semifinais pelo União e ficou na terceira colocação. No último municipal, disputado em 2008, o Ouro Verde conquistou o pentacampeonato ao vencer o Ouro Preto na final por 3x1 no primeiro jogo e empatar em 0x0 a segunda partida. O time penta contou com Marcelo, Márcio Fröeming, Serginho, Vanderlei e Cristiano. Noé, Gersinho, Helisson e Éder. Dudu e Rogerinho. Participaram ainda Amauri, Gerson, Odirlei, Diego Gonçalves, Lucas e Motta.
Para o futuro, Voldi destaca que o Ouro Verde pretende fazer um centro esportivo no clube e organizar uma escolinha de futebol do time. Também há planos de cercar o campo e fechar as paredes do ginásio para os projetos entrarem em prática. Atualmente, a equipe de futsal juvenil está participando do campeonato regional de Candelária. "Com esses projetos, a nossa ideia é valorizar os nossos jovens e proporcionar a eles a prática de várias modalidades esportivas", frisou. Além do futebol, o Ouro Verde também participa de competições no futsal, futebol sete, entre outras. A equipe juvenil também está disputando o regional de futsal de Candelária, onde já está classificado para as semifinais.

Vice em 2010 e hexa em 2011

Nos últimos dois anos, o Ouro Verde segue chegando nas decisões, mantendo a tradição da sua camisa. Em 2010, a equipe de Linha Bernardino decidiu o título municipal contra o Ouro Preto, do Pinheiro, mas acabou derrotado pela equipe do campo, obtendo o vice-campeonato do certame.

Em 2011, a equipe verde e branca de Linha Bernardino conquistou o hexa municipal ao vencer o Pinheiro nas duas partidas finais, por 1x0 e 2x1. O time campeão foi formado com Marcelo, Barroges, Gerson, Roni e Caju. Cristiano, Ederson, Eder e Helisson. Vilmar e Lucas. Técnico: João Martin.

Aliança, Arroio Grande








Arroio Grande. Uma localidade do norte de Candelária, distante a aproximadamente 17 km da sede do município. Seu nome, de acordo com a historiadora Marli Marlene Hintz, foi uma referência ao arroio que passa pela região. Em pesquisas recentes, ela conta que entre os anos de 1874 e 1900, o arroio recebia grandes volumes de água da serra e por não haver pontes, as pessoas precisavam fazer a travessia pelo leito. Era aí que ocorriam inúmeros afogamentos. A pesquisa, em fase inicial, já identifica 10 mortes por afogamento nesta época.
No futebol, a localidade deu os primeiros passos em meados da década de 60. Conforme o aposentado Adolfo Anildo Hübner, 80 anos, o time surgiu através de uma iniciativa de Lauro Ristow, que pretendia unir os jovens da localidade aos domingos. Ele lembra que o companheirismo existente entre os jogadores fez com que Ristow escolhesse o nome de Aliança. Uma das primeiras formações contou com os jogadores Lauro Ristow, João Carlos Ristow, Plínio Ristow, Adolfo Hübner, Lírio Steil, Ari Steil, Rudi Hübner, Isidoro Rutsatz, Telmo Wolf, Ari Ferreira, Servino Karnopp, Rubem Rutsatz, Rui Rutsatz, entre outros. O primeiro campo ficava na propriedade de Helmuth Steil, em Alto Arroio Grande. No começo o Aliança disputou amistosos contra times da região. Enfrentou o Flor da Serra (Picada Karnopp), Coqueirinho (Vila União), Ouro Fino (Alto da Légua), Ferro Frio (Passa Sete), Tabacos (Passa Sete), São Bento (Passa Sete), Ouro Verde (Linha Bernardino), Grêmio Esportivo Salso ( Linha do Salso), entre outros. Sempre teve as cores vermelho e branco, sendo conhecido como o colorado do Arroio Grande.
Adolfo Hübner conta que o idealizador Lauro Ristow fazia apresentações na localidade com um teatro de bonecos de pano para arrecadar recursos para o time. "Naquela época, o Lauro fazia essas apresentações em várias cidades do Estado. Era uma diversão só, pois ele contava piadas, falava em alemão e alegrava a comunidade", diz.

MUNICIPAIS - No dia 14 de abril de 1970, o time foi oficialmente registrado como Sociedade Esportiva Aliança. Foi então que o campo passou para a propriedade de Bertoldo Hübner. Além dos amistosos e torneios pela região, a agremiação disputou os primeiros campeonatos municipais realizados no período. Paulo Lindemann, genro de Adolfo, começou a defender a equipe neste período. O ex-zagueiro, hoje com 55 anos, lembra que no municipal de 1973 o Aliança disputou uma vaga para a semifinal contra o Ouro Verde. No primeiro jogo, em Linha Bernardino, vitória do Aliança por 3x0. Na partida de volta, disputada no Arroio Grande, o Aliança terminou o primeiro tempo vencendo por 4x0. No intervalo, Carlos Larger, técnico da equipe do Aliança, resolveu alterar a equipe e poupar os principais jogadores. No segundo tempo, o Ouro Verde conseguiu uma virada histórica por 5x4, levando a decisão da vaga para os pênaltis. Nas cobranças, o Ouro Verde acabou vencendo por 4x3 e avançou para a fase seguinte. "Tínhamos um time bom apenas com jogadores da localidade. Aquele jogo foi uma tragédia, tamanha a vantagem que tínhamos conquistado", conta. OArroio Grande participou de vários campeonatos municipais, mas jamais chegou a disputar uma final na categoria titulares. Na sua última participação, em 1994, o time disputou o triangular semifinal com Ouro Verde e Gaúcho, mas depois de incidentes ocorridos no confronto entre Olarias x Minuano a competição foi encerrada. No segundinho, a equipe do Arroio Grande chegou à final do campeonato disputado em 1993 quando enfrentou o Quilombo. Após três jogos e uma prorrogação empatados, a decisão foi para os pênaltis e a equipe do Quilombo sagrou-se campeã ao derrotar o Aliança por 4x2. O time vice-campeão foi formado com Claiton, Marcio Bataioli, Jociel, Sandro e Deivis. Leandro Schwantz, Cláudio Bataioli, Daltro e Dione. Eloir e Rogério. Jogaram ainda Osmar Koening, Bao, Joni, Ruizinho e Vladimir comandados por Norberto Hübner.

A primeira escolinha do interior do município
Por iniciativa do esportista Paulo Wolffenbüttel, foi fundada em 1994 a escolinha do Aliança. Conforme ele, o objetivo era unir as crianças da região através do futebol. No início das atividades, a escolinha teve 54 jogadores divididos nas categorias pré mirim, mirim, infantil e juvenil. Os treinos aconteciam sempre aos sábados à tarde e eram orientados por Wolffenbüttel. O frentista do Posto Esquinão, Márcio Bataioli, foi um dos atletas da escolinha. Jogador da juvenil, ele conta que para comprar o fardamento de todas as categorias, os meninos tiveram que vender uma rifa a fim de arrecadar o dinheiro necessário. A equipe disputou diversos amistosos contra grandes escolinhas de Candelária e da região. Ele lembra, por exemplo, das das partidas contra os juvenis de Juventude e Atlético. "Foram grandes jogos, tanto no Arroio Grande, como na cidade. Com o Juventude nós empatamos em 3x3 e 0x0 e com o Atlético, empatamos em 2x2 e vencemos na cidade por 1x0", diz.

MENINA - Paulo e Márcio recordam de um fato inusitado para a época. A escolinha tinha uma menina treinando na categoria infantil. De acordo com o treinador, Leila Jung jogava futebol com os demais meninos na localidade. "Ela não tinha medo e jogava muito bem", diz. No amistoso pela categoria infantil contra o Juventude, ela atuou e foi um dos destaques da partida. Após o jogo, os dirigentes do Juventude queriam levar Leila, achando que fosse um menino. Por falta de incentivo e apoio dos demais membros da comunidade, a escolinha terminou naquele mesmo ano. "Era bonito de ver a gurizada se dedicando ao time. Talvez se tivesse o apoio da comunidade e continuado com a escolinha, o Aliança poderia estar até hoje em atividade", lamenta Paulo.

PRELIMINAR - Em 1995, numa iniciativa de Astor Gewehr, a equipe principal do Aliança foi convidada para ir ao estádio Edmundo Feix, em Venâncio Aires, disputar um amistoso contra os juniores do Guarani, de Venâncio, como preliminar da partida entre Guarani x Grêmio, válido pelo Campeonato Gaúcho daquele ano. Márcio Bataioli era o lateral-direito daquela equipe e lembra da partida. "Aquele dia foi espetacular. Usamos o mesmo vestiário do Grêmio e no intervalo estávamos ao lado de Jardel, Paulo Nunes, Dinho, Goiano e companhia. Já estávamos perdendo por 5x0 e o Felipão, que era o treinador do Grêmio, estava dando dicas para nós não tomarmos mais gols do Guarani", diz. No final, os juniores do Guarani venceram por 9x0. A equipe do Aliança foi formada com Rogério Grehs, Everaldo Wolffenbüttel, Nilson Rainz, Jorge Kleinert, Rogério Gewehr, Márcio Bataioli, Jair Schünke, Jânio Schünke, Cláudio Bataioli, Emerson Schünke, Deives Baierle, Jociel Baierle, Joni Wolf, Danilo Wolffenbüttel e Delmar Hübner. Irio Schünke foi o treinador da equipe.

Botucaraí, da Vila Botucaraí







Cerro Botucaraí. Considerado o morro isolado mais alto do Estado - com 569 metros de altitude em relação ao nível do mar -, é uma das principais referências turísticas do município de Candelária. Sua história é repleta de mitos e lendas. Os tupi-guaranis chamavam-no de ybyty-caray, que, na sua linguagem, queria dizer Monte Santo. No fim da primeira metade do século XIX viveu no local um monge italiano chamado João Maria de Agostini. Ele ganhou fama de curar os enfermos usando a força de sua fé, as virtudes milagrosas da flora existente no Botucaraí e a água cristalina e pura que brota na base do cerro. Marcas profundas foram deixadas na alma da gente simples que habitava a região. Por isso, até hoje, em cada Sexta-Feira Santa uma multidão vai ao morro para pagar suas promessas, sobe até o cume e bebe a água da fonte "santa".
Sob a inspiração das histórias do santo cerro, era fundado no dia 10 de outubro de 1957, na então localidade de Vila Botucaraí, a equipe do Esporte Clube Botucaraí. Conforme o aposentado Oscar Butzke, hoje com 70 anos, ele e os amigos Hilton Ellwanger e Ivo Peixoto implantaram a modalidade na região. Até então, o futebol era desconhecido na localidade. "Eu estudava em Santa Cruz e conheci o futebol. Quando voltei para cá, consegui um material de couro e fiz a primeira bola. Junto com o Hilton e o Ivo, que também conheciam o esporte, convidamos alguns amigos e começamos a jogar", conta. A escolha do nome Botucaraí foi unanimidade entre os membros e uma homenagem à localidade e ao cerro. O primeiro campo da equipe ficava na propriedade de João Butzke. As cores do time eram o vermelho e branco e as camisetas tinham listras, semelhantes a do Grêmio. "Escolhemos o vermelho e branco para dar um destaque ao escudo, que era um desenho do Cerro Botucaraí", diz. Oscar recorda que o primeiro jogo oficial foi realizado em Cerro Branco contra a equipe do Real. A partida amistosa terminou com a vitória dos cerro-branquenses por 7x1. Adão Dias, o Tio Mico, foi o autor do primeiro gol da história do Botucaraí. A primeira equipe foi formada com os jogadores: Oscar Butzke, Ivo Rehbein, Valdemar Joham, Tio Mico, Leo Ellwanger, Oli Teodoro, Chico Lemes, Ere Ellwanger, Ivo Peixoto, Hilton Ellwanger, Acildo Goelzer, Armando Butzke, Loreno Butzke, entre outros. O primeiro presidente eleito do Botucaraí foi Ere Ellwanger, o Ferreiro.
ARQUIBANCADAS - No início dos anos 60, o campo do Botucaraí foi transferido para a propriedade de Reinoldo Seckler. Oscar Butzke conta que no período em que Raimundo Borstmann era o presidente foram construídos os vestiários. Já no seu, foi erguido um pavilhão de madeira com cobertura de telha de barro e um bloco de arquibancadas de madeira para acomodar 110 pessoas. "O Botucaraí foi a primeira equipe do interior a ter uma arquibancada em seu campo", afirma. Na época, o time disputou diversos amistosos e torneios, obtendo mais de 50 taças. "Cada torneio e amistoso era um churrasco, tamanha a integração que existia entre as equipes na época". Os principais adversários eram o Gaúcho (Linha Palmeira), Independência (Bom Retiro), Pinheiro, Minuano, Onze Braz (Linha Palmeira), entre outros. Em 1964, o grupo disputou a sua primeira competição oficial: o campeonato intermunicipal entre as equipes de Candelária e Cerro Branco, denominada Taça da Amizade. O Botucaraí acabou sagrando-se campeão invicto do torneio-início, disputado no campo do Minuano, na Vila Fátima. Pelo certame, obteve o terceiro lugar, tendo em vista que o Minuano foi campeão daquela competição. Em 1965, o Esporte Clube Botucaraí foi registrado oficialmente na federação.

O bicampeonato municipal em 1975
Com a criação do Conselho Municipal de Desporto, o CMD, em 1970, a Prefeitura de Candelária passou a organizar os primeiros campeonatos municipais de futebol. Como equipe pioneira no interior, o Botucaraí também começou a participar dos certames. Valter Auler, mais conhecido por Zanata, foi zagueiro do alvi-rubro neste período. Ele conta que nos primeiros quatro anos, o Botucaraí não teve êxito na disputa. O primeiro título veio apenas em 1974. Naquele ano, a competição era disputada no sistema todos contra todos e dois melhores iam para a final. A decisão foi entre Botucaraí x Olarias. No primeiro jogo, disputado na Vila Botucaraí, vitória do alvi-rubro por 3x1. O último jogo, realizado na Linha do Rio, acabou empatado em 2x2, confirmando o primeiro título municipal para o Botucaraí. Os gols do título foram anotados por Bugrinho e Jorge Schiling. O time campeão em 74 foi formado com Arno Leite, Jair Butzke, Valter Auler, Davi Goelzer e Azevedo Goelzer. Depois Jorge Schiling, Bugrinho, Chico Matana e Cezar da Silva. Luis Ritzel, Romildo Ellwanger (Geada) e Enio Sanmartin. O treinador da equipe era Clécio Braga.

A CONQUISTA DO BI - Em meados de 1975, o Botucaraí perdeu sua praça esportiva e passou a mandar os seus jogos no campo de propriedade de Lauro Rehbein. De acordo com relatos de Romildo Ellwanger e Enio Sanmartin, a equipe confirmou a sua ascensão no cenário esportivo local ao conquistar naquele ano, o bicampeonato municipal. Para a disputa do campeonato de 75, que marcava o cinquentenário de Candelária, Geada e Enio Sanmartin lembram que o Botucaraí e as demais equipes reforçaram os seus planteis com jogadores de outros municípios. O certame foi disputado novamente no sistema todos contra todos em turno e returno e quem somasse o maior número de pontos, conquistava o título. Nos dois últimos jogos, o Botucaraí goleou o Pedras Brancas por 10x1 e empatou na Vila Fátima em 0x0 com o Minuano, sagrando-se bicampeão municipal naquele ano. O time vencedor foi formado com Arno Leite, Luzimar Larger, Valinho, Jair Butzke, Jorge Apoitia, Valter Auler, Azevedo Goelzer, Bugrinho, Beno, Marino, Iá, Lauro Couto, Pingo, Geada e Enio Sanmartin. Em 1976, o Botucaraí disputou novamente a final do municipal com o Olarias, que acabou dando o troco ao conquistar o seu primeiro título na história derrotando o alvi-rubro por 2x0, em partida disputada no estádio Darcy Martin. Nos anos de 77 e 78, o Botucaraí não figurou entre os finalistas da competição.

Com a parada dos campeonatos municipais a partir de 1979, os clubes do interior passaram a disputar apenas jogos amistosos aos finais de semana para manterem-se em atividade. Apenas em 1983 que o certame municipal voltou a ser disputado. Neste ano, a equipe do Esporte Clube Botucaraí, que já havia se consolidado no cenário esportivo local com o bicampeonato conquistado em 74/75, participou do certame. Um dos mentores daquele time, que iniciava uma nova geração na localidade, foi o comerciante Ildonar Goelzer.
Assíduo freqüentador das reuniões da agremiação desde seu início, ele recorda que para aquele campeonato foi montada uma equipe nas duas categorias só com jogadores da localidade. Fizeram parte do grupo principal os jogadores Cleo Wollmann, Artur Haetinger, Mico, Alceu Butzke, Abelardo Butzke, Jair Butzke, André Richardt, José Richardt, Chico Preto, Nilton Machado, Artur Jung, Ildo Butzke, Enio Sanmartin, Mozo, entre outros. Ildonar Goelzer era o treinador. O comerciante lembra que o time tinha uma torcida fanática e que durante a semana se mobilizava para acompanhar os jogos. "O fanatismo era tão grande que vendíamos passagens de ônibus antecipadas para o pessoal acompanhar a equipe. Em um jogo contra o União, no Capão do Valo, fomos com dois ônibus lotados de torcedores", lembra.
Naquele mesmo ano, o alvi-rubro da vila disputou a semifinal contra o Pinheiro (que naquele ano era a base do Minuano) e foi derrotado por 5x1 na Vila Botucaraí. Nos campeonatos de 84 e 85, o alvi-rubro foi eliminado na fase classificatória. Já em 1986, o Botucaraí chegou à semifinal nos titulares e acabou derrotada pelo Olarias.

O tri municipal em 88
Em 1987 o Botucaraí chegou à decisão do municipal nos titulares. O time da "Vila" enfrentou na final a equipe do Minuano, da Vila Fátima. A decisão foi disputada em partida única no estádio Darcy Martin e o Minuano se sagrou bicampeão ao vencer por 1x0, gol de Gilson. No ano seguinte, Botucaraí x Minuano voltaram a decidir o certame. Após dois empates em 0x0 e 1x1, a decisão foi para uma terceira partida.
No jogo, disputado no estádio Darcy Martin, Ildonar Goelzer e Nestor Ellwanger, o Rim, lembram do lance que gerou uma das maiores polêmicas do futebol candelariense. A decisão estava empatada em 1x1, gols de Cláudio Cezar para o Minuano e Airton para o Botucaraí. Aos 30 minutos, a defesa do Minuano recuou uma bola para o goleiro Nestor. Como a grama estava alta, a bola não chegou ao goleiro do Minuano. Rim lembra que pegou a bola, avançou e cruzou para Gilmar Pavin, livre, fazer o gol do título. "Assim que foi marcado o gol, os jogadores do Minuano logo viram que o auxiliar Lauro Oliveira estava com a bandeira levantada e foram reclamar com o árbitro Sílvio Oliveira, que havia validado o lance. Depois de consultar o auxiliar, o árbitro manteve a decisão e confirmou o gol", conta. Com o lance e o início da confusão, a partida foi encerrada. No tumulto, o zagueiro Air, do Minuano, deu um chute na taça de campeão que estava nas mãos do presidente da Liga, Dóris de Moraes, danificando-a. O time do Botucaraí, tricampeão municipal naquele ano foi formado com Chico Preto, Marcos Bartz, Airton, Itamar, Paz, Nei, Macuco, Alex, Nori, Miguel Inácio, Rim, Careca e Gilmar Pavin. O treinador foi Ildonar Goelzer.
Passada a decisão, o clima de rivalidade tomou conta das duas equipes que em 1989 decidiram o municipal pela terceira vez consecutiva. No primeiro jogo, o Minuano venceu por 1x0, gol de Joel. No segundo, novamente no Darcy Martin, o Botucaraí deu o troco e derrotou o Minuano por 1x0, gol de Itamar. Na prorrogação, a equipe da Vila Fátima conquistou o trimunicipal ao derrotar o Botucaraí por 1x0, gol de Cláudio Cezar. Nos campeonatos realizados em 93, 98, 2006 e 2008, a equipe da Vila foi eliminada nas semifinais. Em 93 e 98, a eliminação foi para o Olarias e em 2006 e 2008, o algoz foi o Ouro Verde, da Linha Bernardino. Pelo Intermunicipal, o alvi-rubro participou das edições realizadas em 91 e 94, sendo eliminado na primeira fase nas duas participações.
Ao analisar o futebol de hoje, Ildonar Goelzer salienta que a entrada do dinheiro acabou inflacionando os atletas. "Na nossa época jogávamos por amor ao clube, à localidade. Hoje, se tu não pagar jogador, tu não faz time. Infelizmente essa é a realidade", finaliza.

O título do segundinho em 89
No segundinho, o Botucaraí conquistou seu primeiro título em 1989 ao derrotar na final a equipe do Faixa Verde por 1x0. Em 93 e 98, o time foi eliminado nas semifinais pelo Aliança, do Arroio Grande, e pelo Minuano, da Vila Fátima. Em 2002, a equipe da Vila Botucaraí fez a final com o La Salle, da Vila Marilene. No primeiro jogo, empate em 1x1. No segundo, disputado no estádio Darcy Martin, o La Salle ficou com o título ao vencer por 2x1. No último campeonato, disputado em 2008, a equipe de aspirantes do Botucaraí foi eliminada nas semifinais pelo Gaúcho, da Linha Travessão.

Guarani, Cidade






Os anos 60, acima de tudo, tiveram a "explosão" da juventude em todos os aspectos. Era a época dos jovens, influenciados pelas idéias de liberdade, começarem a se opor à sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos anos 50 seguia recluso, passou a caminhar pelas ruas nesta década, influenciando novas mudanças de comportamento. O período de 60 seguramente não foi uma, mas sim duas décadas. A primeira (60 a 65) foi marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais enquanto que no cenário político se evidenciava o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda (66 a 68), em um tom mais ácido, revelou as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos.
No início dos anos 60, o futebol já era uma forte realidade em Candelária. A participação do Grêmio Esportivo Juventude no Campeonato Estadual de Amadores, no qual foi vice-campeão em 1958, era a febre da época entre os esportistas do município. Foi por causa desta empolgação e pelo anseio de difundir o futebol que novas equipes amadoras começaram a surgir em Candelária. Conforme o aposentado Edegar Wernz, de 66 anos, através de uma iniciativa do esportista Igno Machado, foi fundado em 1960, no bairro Rincão Comprido, a equipe do Esporte Clube Guarani. O primeiro campo do time ficava na rua Daltro Filho, no mesmo local em que anos depois se formou o Camboim. Todavia, quando a agremiação começou a disputar os primeiros amistosos, os jogos passaram a se realizar no estádio Darcy Martin. A equipe enfrentou Pinheiro, Gaúcho (Linha Palmeira), Botucaraí, Estrela (Picada Pfeifer), Real (Cerro Branco), entre outros. Edegar recorda dos torneios que a equipe realizava aos finais de semana no Darcy Martin "Organizávamos um torneio de nível regional, que contava com a participação de times de vários municípios. Os jogos iniciavam no sábado e as finais aconteciam no domingo", lembra. O time do Guarani contava com os seguintes jogadores: Formiga, Edegar Wernz, Dirdão, João Marcos de Souza, Tio Mico, Paulo, Lé Martin, Acir, Sérgio, Adroaldo, Pinguinho, Iraí Ritzel, Arno Weirich, entre outros.
Edegar lembra de um jogo amistoso que o Guarani realizou na Picada Escura contra o Picada Escura. O ex-defensor da equipe conta que devido à falta de recursos financeiros, os jogadores se deslocaram a pé até a localidade para disputar a partida. "Saimos pela manhã da cidade e após duas horas de caminhada, chegamos ao campo. Jogamos o amistoso, mas acho que perdemos por 2x1 e, depois, voltamos a pé para cidade, onde chegamos à noite", diz.
Em função de alguns atletas terem saído de Candelária, a equipe do Guarani existiu até meados de 1963. Ao analisar o futebol de hoje, Edegar destaca que atualmente não existe mais vontade de jogar. "Na época nós pagávamos para jogar. Hoje, tem que pedir 'por favor' e pagar uma alta quantia para um jogador atuar. Infelizmente o nosso futebol acabou perdendo a graça", finaliza.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cruzeiro, Cidade






Com o término do Guarani, alguns meses depois - através de uma iniciativa do deficiente físico Chico Mesquita - foi fundada a equipe do Grêmio Esportivo Cruzeiro, da cidade. O ano era 1963. De acordo com o aposentando Tabajara Wernz, o Cruzeiro foi uma dissidência do Guarani, já que alguns jogadores passaram a defender as cores do Cruzeiro. Sobre o fundador, presidente e patrono da equipe, Chico Mesquita, Tabajara comenta que era um apaixonado pelo futebol, apesar da deficiência. "Todos tinham um respeito enorme pelo Chico, que mesmo sem poder caminhar, era muito dedicado em organizar o futebol", diz. O time contava, na época, com os jogadores que faziam parte do segundo quadro do Juventude. "O Cruzeiro era um time imbatível, que possuía grandes jogadores", lembra Tabajara. A agremiação mandava os seus jogos no estádio Darcy Martin e era formada por Bugrinho, Beto Oliveira, Mesquita, Pelego, Adroaldo, Maneco, Rubem Schneider, Maurício Oliveira, Gilberto Schünke, Maurilio Moraes, Nei Costa, Cenatiel, Arno Weirich, Tabajara Wernz, Ari Filter, Ery Matana, Chico Matana, entre outros.
PEDRADAS - Chico e Tabajara recordam de um amistoso que o Cruzeiro disputou contra o Estrela, na localidade de Picada Pfeifer. "O campo deles era uma ladeira e no segundo tempo nós jogamos de cima para baixo. O Pelego cobrou o tiro de meta, mas a bola foi tão forte, que estourou no travessão. No rebote, o Maurilio Moraes apareceu na área e fez o gol de cabeça. Vencemos aquele jogo por 1x0". Depois da partida, prosseguem, os jogadores do Cruzeiro estavam dentro do caminhão e tiveram que sair da localidade a pedradas, desferidas pelos torcedores do Estrela. "Eles nunca tinham perdido no campo deles e não engoliram aquela derrota. Na saída, fomos apedrejados pela torcida", lembra. Já em torneios, o azul e branco conquistou mais de 40 taças no período. "Como não existia campeonatos, todo o fim de semana eram disputados os torneios com a participação de mais de 20 times", diz Tabajara. A equipe do Cruzeiro existiu até meados de 1965, quando o fundador teve que largar o futebol e os demais atletas passaram a se dedicar exclusivamete ao Juventude na disputa do estadual amador. Comparando o futebol de hoje com o daquela época, Tabajara comenta que não se faz futebol como antes porque ninguém quer organizar. "Hoje está mais fácil de fazer futebol, pois tem mais dinheiro, estrutura e bons jogadores. O que falta são as pessoas certas para organizar um bom time", finaliza.

Palmeiras, Linha Alta







Linha Alta. Uma localidade situada no início da região da serra de Candelária, distante aproximadamente 10km do centro da cidade. Conforme a historiadora Marli Marlene Hintz, o nome da localidade foi denominada pelos primeiros imigrantes que chegaram ao município através do rio Pardo e fixaram suas residências na parte baixa, chamada de Linha do Rio. Como o rio Pardo era muito estreito e possuía profundidade, na primeira chuva houve forte enchente que devastou a região e assustou os novos moradores. Por precaução, os imigrantes foram buscar abrigo nos locais mais altos, vindo a se instalar na região do cerro, a qual passaram a chamar de Linha Alta. O primeiro colonizador foi Antônio Borges, que em 1857, vendeu as primeiras propriedades para moradores que se instalavam na região integrada entre Linha Facão, Linha Alta e Linha do Rio, conhecida como colônia Riopardense.
No final dos anos 60 foi implantado o futebol pela primeira vez na Linha Alta. Conforme Leonildo Baier, seu tio Victor Baier, mais conhecido por Baião, foi o fundador do Esporte Clube Irajá, o primeiro time da localidade. A equipe foi composta com os seguintes membros: Rui Aeckmann, Sebaldo Aeckmann, Norberto Gewehr, Nelson Mundstock, Norberto Roos, Ernesto de Bastos, Romano Türk, Lírio Türk (Jundiá), Ingo Schmidt, Vitor Baier, Dorinho e Doralício. O campo do grupo ficava nos fundos da escola municipal Marechal Deodoro. Leonildo conta que na época tinha 10 anos. Ele lembra que o Irajá chegou a disputar amistosos contra Olarias, Cruzeiro (Linha do Rio), São João (Linha Ana), Canarinho (Rebentona), Stanz (Passa Sete), entre outros. "Nos jogos fora, o pessoal ia de caminhão disputar as partidas", diz. O Irajá existiu até meados dos anos 70, quando foi desativado porque o fundador deixou a localidade.
Com o término do time, o futebol deixou de ser praticado por alguns anos na localidade. Através de uma iniciativa do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da escola municipal Marechal Deodoro, ainda nos anos 70 iniciaram as atividades do time de futebol denominado Palmeiras. Sob a coordenação de Ivo Radtke, a equipe começou a disputar alguns jogos amistosos como forma de unir a comunidade aos finais de semana. E então no dia 12 de agosto de 1981 o time passou à condição de entidade: a Sociedade Esportiva, Recreativa e Cultural Palmeiras, de Linha Alta. Nilson Hitz foi escolhido como primeiro presidente da agremiação.

A primeira conquista
Nos anos 80, o Palmeiras já era uma realidade na comunidade. O campo da equipe continuava nos fundos da escola e a equipe possuía as cores verde, branco e amarelo. Nos primeiros anos, o time disputou apenas amistosos e torneios, enfrentando agremiações como Tiradentes (Costa do Rio), Costa do Rio, Gaúcho, Olarias, Ouro Verde, Sempre Amigos, Alto Trombudo, Quilombo, entre outros. Em 1983, o Palmeiras acabou conquistando a sua primeira taça. De acordo com os relatos de Nilson Hitz, Leonildo Baier e Roni Gewehr, a equipe da Linha Alta disputou um torneio de verão, organizado pelo Olarias, que foi disputado no campo da equipe da Linha do Rio. Além de Palmeiras e Olarias, também participaram as equipes do Ouro Verde e do Quilombo. Nilson lembra que o time contava com alguns jovens da Linha Facão e no sorteio a equipe teria que fazer o jogo de abertura contra o Olarias pela manhã. "Não tínhamos o time completo para iniciar o jogo porque sabíamos que o pessoal do Facão estava plantando soja", diz. Poucos minutos antes de começar o jogo, os meninos Enor Pagel, Erno Pagel, Rui Kohl, René Kohl e Marco Kohl, vindos de bicicleta, chegaram ao campo, se fardaram e foram jogar. O Palmeiras venceu Olarias e Ouro Verde e empatou com o Quilombo, sagrando-se campeão da competição. O time vencedor foi formado com Rui Hintz, Enor Pagel, Armênio Otto, René Kohl e Ronildo Gewehr (Ipo). Leonildo Baier, Erno Pagel e Ilário Gewehr. Marco Kohl, Flávio e Rui Kohl. "Esse time era bastante respeitado na época. Foi um dos melhores que já tivemos", lembra Roni. A equipe da Linha Alta também conquistou um torneio na sede do Aliança, no Arroio Grande, vencendo na final a equipe da casa por 2x1, gols de Ipo e Leomar.

MUNICIPAIS - Já em municipais de campo, o Palmeiras teve apenas duas participações, nos campeonatos de 2002 e 2004, onde a equipe acabou eliminada na primeira fase. Após a disputa do certame, o futebol onze parou, sendo praticado apenas jogos de futebol sete e de futsal no ginásio. No municipal de futsal, a agremiação da Linha Alta foi à primeira equipe do interior a disputar uma semifinal no campeonato de 2006, onde acabou finalizando na 4ª colocação. Sobre o futebol atual, Roni e Leonildo salientam que não existe mais aquele amor à camisa como antigamente. "Naquela época havia o interesse pelo futebol, tinha mais rivalidade entre os times, hoje, isso não existe mais", diz Baier. "A juventude tem mais opções de lazer aos finais de semana, diferente da nossa época, onde o futebol era o lazer para os jovens", finaliza Gewehr.

A construção do ginásio
Em 1983 o Palmeiras organizou a primeira festa anual da entidade. Sempre realizada no terceiro domingo de fevereiro, a festa foi crescendo. Como o pavilhão da comunidade já não comportava o grande número de almoços, houve a necessidade de se construir um espaço maior. Nilson Hitz e Leonildo Baier lembram que em 1990 teve início o projeto para a construção do ginásio, através de uma iniciativa do então secretário de Educação, Itamar Vezentini. Logo foram erguidas as paredes, mas um vendaval acabou derrubando parte da construção. Após alguns anos paralisada, a obra foi retomada pela entidade com o auxílio da prefeitura, onde foi reconstruída a parede. Depois, a segunda etapa foi a colocação da cobertura. Antes de ser concluída, um novo temporal arrancou parte da estrutura metálica. A empresa responsável refez a cobertura.
Por fim, a terceira etapa foi a colocação da quadra, concluída em 2005, quando o ginásio, após 15 anos, foi entregue para a comunidade.

Na foto principal da matéria, a equipe do Palmeiras em 1987: Leonildo Baier, Leandro Priebe, Ronildo Gewehr (Ipo), Dario Hitz, Odécio Roos e Vilson Zuze. Agachados: Marcos Beise, Airton Steil, Roni Gewehr, Ilário Gewehr, Paulo Turcatto, Jorge Schwaroski e Gerson Schünke

25 de Julho, Picada Roos






25 de Julho. Uma data reverenciada a todos os colonos e motoristas. Através da lei federal nº. 5.496, de 5 de setembro de 1968, a data se reserva às homenagens aos colonos. Pela fé cristã, é também o dia para reverenciar a São Cristóvão, padroeiro de todos os motoristas. Através da lei municipal 089/01 de 4 de dezembro de 2001, o 25 de Julho é feriado em Candelária, ocasião em que colonos e motoristas se unem para confraternizar a data com festas pelas localidades do interior.
1968. Um grupo de amigos, todos jovens agricultores, moradores da localidade da Picada Roos, decidem formar um time de futebol. Segundo Renézio Roos, um dos fundadores, a equipe surgiu para garantir uma forma de entretenimento aos finais de semana aos jovens da localidade. Sobre o nome 25 de Julho, ele conta que no início todos os atletas trabalhavam na colônia e como a data era em homenagem ao colono, decidiram chamar a equipe de Esporte Clube 25 de Julho. O campo da agremiação foi feito na propriedade de Engelberto Priebe e o primeiro time contou com os seguintes jogadores. Ronaldo Bohr, Irineu Kottwitz, Leomar Priebe, Enar Schwantz, Zé da Gaita, Naldo Schultz, Sadi Schultz, Dorival Jung, Renézio Roos, André Schultz, Danilo Bortsmann, Arnoldo Rodrigues, entre outros. Ronaldo Bohr foi o primeiro presidente da equipe. Logo no início, o ex-prefeito Ronildo Gehres foi um dos incentivadores. Renézio conta que Ronildo foi quem patrocinou o primeiro terno de camisetas, de cor verde e gola branca, para o time.
Os jogos iniciais foram contra Ouro Fino (Alto da Légua), Onze Estrelas (Linha Brasil), Estrela (Vila Botucaraí), Real (Cerro Branco), Palmital (Palmital), Gaúcho e Cruzeiro (Linha Travessão), Botafogo (Travessão Schoenfeldt), entre outros. "Nosso principal adversário em amistosos era o Ouro Fino. Era o clássico aqui da região", conta Roos. O ex-ponteiro do 25 lembra de uma grave lesão que sofreu durante um amistoso contra o Onze Estrelas, da Linha Brasil. "Por mim eu teria continuado a jogar, mas acabei fraturando a clavícula e não tinha como. Fiquei dois meses parado e assim que tirei o gesso, na primeira partida voltei a jogar", diz.

Após longa caminhada, a primeira conquista
Na época, o 25 de Julho também disputava muitos torneios de futebol pela região. Renézio Roos recorda em especial de um torneio organizado na sede do Gaúcho, na Linha Travessão. "Saímos cedo e fomos a pé, aqui da Picada Roos até a Linha Travessão. Chegamos lá ao meio-dia, cansados, e à tarde começamos a jogar". A equipe enfrentou outros nove adversários e depois de muitos jogos, venceu a final nos pênaltis contra o Salso. "O Ronaldo Bohr era o nosso goleiro e naquele dia ele pegou três pênaltis na final", lembra. Outro fato interessante contado por Roos foi a participação do público nas partidas. "Tínhamos uma torcida que sempre acompanhava e nos incentivava nos jogos". O ex-atleta também lembra de uma partida que marcou a estreia do fardamento doado pelo então vereador Eurico Schwantz. "O Eurico doou um terno igual ao do Flamengo. Estreamos em um jogo comemorativo durante uma grande festa que foi realizada no galpão de Engelberto Priebe, ao lado do campo. Durante o jogo, Eurico e Odarci Schwantz e Olmiro Machado animaram o público cantando grandes sucessos da época", recorda. Durante a sua trajetória, a equipe da Picada Roos nunca disputou campeonatos municipais. Segundo Renézio, o destaque do grupo era Enar Schwantz. "Ele era muito habilidoso, jogava muita bola", ressalta. A agremiação existiu até o início dos anos 90, quando acabou terminando devido ao início do futebol sete pelo interior. Ao analisar o futebol de hoje, Roos salienta que o atualmente o futebol em Candelária não tem a mesma graça. "Naquela época nós gostávamos do futebol, jogávamos por amor à camiseta e era o divertimento da comunidade. No momento que os jogadores começaram a ganhar dinheiro, infelizmente se perdeu a vontade de se fazer o verdadeiro o futebol", encerra.

Na foto principal da matéria, o time fundado em 1968: Ronildo Gehres, Irineu Kottwitz, Leomar Priebe, Enar Schwantz, Zé da Gaita, Naldo Schultz e Sadi Schultz. Agachados: Dorival Jung, Renézio Roos, André Schultz, Danilo Bortsmann e Arnoldo Rodrigues

Minuano, Vila Fátima












Vento Minuano ou simplesmente Minuano. Este é o nome dado à corrente de ar que tipicamente acomete os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É um vento frio, de origem polar, com orientação sudoeste e classificado como cortante. Ocorre após a passagem das frentes frias no outono e inverno. Seu nome deriva dos Minuanos, um grupo indígena que habitava os campos no sul do Rio Grande do Sul. Eram índios de origem patagônica, como os Charruas e os Guenoas, com os quais nunca sobrepunham-se no mesmo território. Em 1730, aliaram-se aos charruas, havendo referências a ambas as denominações para o mesmo grupo.
1963. Um dia típico de inverno na gélida Vila Fátima de outrora. Os amigos Ernani Grehs, Darci Grehs, Elo Lopes de Carvalho, Anês Butzke, Alberi Soares e Loir Cezar se reuniram para um bate-papo casual na pacata localidade. Com o vento minuano soprando forte, ambos tiveram a ideia de formar um time de futebol, visando o entretenimento dos amigos. Surgia neste instante, o time denominado Esporte Clube Minuano. Segundo Elo Lopes de Carvalho, 67 anos, o primeiro campo foi feito em sua propriedade. Elo recorda do trabalho que os fundadores tiveram para adquirir a primeira bola para a equipe. “Como não tínhamos recursos, vendemos para o seu João Hintz vários frascos de vidro vazios de remédio e com o dinheiro, adquirimos a primeira bola”, lembra. Danilo Grehs, o Danilão, foi o primeiro presidente. Os jogos iniciais foram apenas entre os jovens da localidade. Alguns meses depois, a equipe realizou o seu primeiro amistoso na Vila Fátima contra o Independência, do Bom Retiro, sendo derrotado por 5x2. Depois, o campo passou para a propriedade de Hardi Rediske e o time promoveu jogos contra Picada Escura, Gaúcho (Palmeira), Botucaraí, entre outros. Em 1964, o Minuano disputou o seu primeiro campeonato na história. Conforme o agricultor Danilo Cezar, 59 anos, a equipe participou de um campeonato intermunicipal que contou com Real, Estrela, Botucaraí, Picada Escura, Gaúcho (Palmeira) e Minuano. Os jogos eram no sistema todos contra todos e quem somasse o maior número de pontos era campeão. Danilo e Elo lembram que o Minuano fez o maior número de pontos e acabou conquistando o título da competição. O time vencedor foi formado com Darci Grehs, Geraldo Cezar, Cabeleira, Alberi Soares e Elo Carvalho. Alberi Butzker, Anês Butzker e Eri Matana. Policarpio da Silva (Tio Fio), Loir Cezar e Ernani Grehs. No ano seguinte, a equipe da Vila Fátima faturou o bicampeonato na competição. Danilo e Elo também recordam de um torneio vencido em 1968 pelo Minuano no Bom Retiro. “Já estava escuro e a final foi contra um time de Cachoeira do Sul. Colocaram quatro carros para iluminar o campo. A partida estava 0x0 e no fim do jogo atiraram uma bola da lateral para o Romeu da Silva. Ele agarrou com a mão, colocou no chão e rolou para o gol vazio. Como não se enxergava bem de longe, o juiz achou que tinha sido gol e validou. Vencemos por 1x0 e conquistamos aquele torneio”, conta Elo.
Na foto principal que ilustra a matéria, o time campeão intermunicipal em 1964, formado por Alberi Soares, Ernani Grehs, Darci Grehs, Cabeleira, Policarpio da Silva (Tio Fio) e Elo Carvalho; agachados, Eri Matana, Geraldo Cezar, Alberi Butzker, Anês Butzker e Loir Cezar


Nos primeiros municipais, vice em 71
No início da década de 70, o Minuano passou a ter a sua praça de esportes na propriedade de Esmelindro Soares Cezar, o seu Lóka. Na época, o proprietário possuía salão de baile e uma cancha de bolão. Em 71, a equipe da Vila Fátima disputou o seu primeiro campeonato municipal, que naquele ano chegava a 2ª edição.
Depois de enfrentar equipes como Tabacos, Olarias, Independência, São Bento, Botucaraí, entre outros, o time chegou na final, que foi disputada em partida única no dia 31 de dezembro de 1971 contra o Ouro Verde. A equipe de Linha Bernardino acabou conquistando o título ao vencer o Minuano por 3x1, gols de Iá (2) e Silvio Minks para os vencedores. Joaquim Porto fez o gol do Minuano. O time do Minuano, vice-campeão em 71, foi formado com Darci Grehs, Quinha, Pedro Paulo, Gaúcho e Pingo. Mauro Trindade, Alberi Rodrigues e Ernani Grehs. Danilo Cezar, Diovan Machado e Joaquim Porto. Nos outros campeonatos, disputados até 1978, o Minuano não figurou entre os finalistas.

ESTADUAIS – Danilo Cezar recorda que a partir de 1974, o Minuano passou a disputar o Estadual de Amadores. Deste ano em diante, o campo ficava na propriedade de Levino Joaquim da Silveira. Como o local ainda não estava cercado, em 74 e 75 o Minuano disputou o estadual no Estádio Darcy Martin, onde enfrentou Juventude (Candelária), Tereza (Vera Cruz), Avenida (Santa Cruz), Cruzeiro (Venâncio Aires), entre outros. Danilo lembra dos primeiros clássicos com o Juventude pelo estadual, apelidado de Ju-Mi. “Era uma rivalidade muito forte. Quando nos enfrentavamos, lotava o Darcy Martin”, conta Danilo. Em 74, o Juventude venceu os dois confrontos pelo estadual. No ano seguinte, o Minuano venceu o primeiro jogo por 2x1. Após a partida, Danilo comenta que os jogadores desfilaram pela cidade para comemorar o triunfo. Nos dois primeiros anos, o Minuano chegou só até a segunda fase.

A sede que virou ginásio
As reuniões entre os membros do Minuano aconteciam na antiga Ferraria de Ernani Grehs. Eles debatiam assuntos relacionados à equipe. Segundo Alberi Soares, em 1972 Loir Cezar (já falecido) lançou a idéia do time ter sua sede própria, o que foi aceito pelos demais. Levino Joaquim da Silveira, que na época já cedia um espaço para o campo, doou um terreno para a construção da sede. Como a equipe não tinha recursos, Alberi lembra que os membros passaram a vender títulos da já então sociedade Minuano para adquirir fundos. Ico Hoppe foi o pedreiro responsável, Elemar Doebber deu parte dos tijolos e a empresa Horbach, a cobertura metálica. O restante da obra foi parcelada a prazo. A partir daí, a comunidade da Vila Fátima também passou a ajudar e a pequena sede se transformou no Ginásio da Sociedade Esportiva Minuano. Alberi diz que a construção não foi apoiada por nenhum político da época. “Foi uma vitória da comunidade conseguir concluir o ginásio”, explica. A inauguração aconteceu em meados de 1975. Após, o Minuano passou a realizar grandes bailes com bandas famosas como Itamone, João Roberto, entre outras, que eram muito comentadas na época.

CAMPO – Em 1977, o Minuano voltou a participar dos estaduais de futebol amador. Danilo Cezar recorda que a equipe da Vila Fátima não se acertou com a diretoria do Juventude para mandar os jogos novamente ao estádio Darcy Martin. Diante disso, e com autorização do proprietário do campo, Levino Joaquim da Silveira, a Sociedade Minuano cercou o campo com alambrado. Então, o alvi-rubro passou a disputar os jogos no estadual pela primeira vez em sua praça de esportes na Vila Fátima. Danilo lembra que como a equipe possuía as cores vermelho e branco, foi feito um uniforme em azul, vermelho e branco para diferenciá-la do Juventude. A equipe enfrentou novamente times tradicionais na região, mas foi eliminada na 1ª fase.



Com o ginásio concluído e o campo cercado, a Sociedade Esportiva Minuano já era uma realidade no cenário esportivo local. Entre 1985 e 1989, o time voltou a disputar os estaduais de futebol amador. A equipe enfrentou os tradicionais Juventude e Olarias, grupos da região Centro Serra, Agudo, Restinga Seca, Vera Cruz, Rio Pardo, Encruzilhada do Sul, Venâncio Aires, entre outros. O ex-zagueiro Air Menezes recorda dos clássicos contra as equipes locais. “Teve um com o Juventude, onde jogamos debaixo de chuva no Darcy Martin. Durante a partida, o árbitro foi expulsando os nossos jogadores por bater o tiro de meta para fora do campo e nos deixou com apenas seis em campo, vindo a encerrar o jogo pouco antes do final. A partida terminou 0x0, mas o árbitro colocou em súmula o placar de 1x0 em favor do Juventude devido às expulsões”, conta. Nos cinco anos em que participou da competição estadual, o Minuano não passou da primeira fase.

INTERMUNICIPAIS – Entre 91 e 94, foram realizados os campeonatos intermunicipais de futebol entre Candelária e Cerro Branco. O Minuano participou de apenas dois certames, em 91 e 94. No primeiro ano, a equipe da Vila Fátima foi eliminada na primeira fase. Em 94, o alvi-rubro sagrou-se campeão da competição ao derrotar na final a equipe do União, de Cerro Branco, por 1x0, gol de Cláudio Cezar. Com o título, o Minuano quebrou a hegemonia de União e Estrela, que haviam conquistado os três certames anteriores. O time campeão foi formado com Fabiano, Ducho, Nestor, Voldi, Gilmar, Julio, Márcio Soares, Gilnei, Rogério, Alexandre, Batista, Nereu, Evandro, Cláudio, Air, Arno, Farias e Éder.

OS TÍTULOS MUNICIPAIS - Em 1985, o Minuano chegou a sua primeira final de municipal na história. Na decisão, disputada em partida única no estádio Darcy Martin, a equipe da Vila Fátima derrotou o São Jorge por 2x0, gols de Cláudio Cezar. O time campeão foi formado com Batista, Rui Maidana, Danilo, Air (Breta) e Delmar. Ricardo Brixner, Vanderlei Ribeiro e Sebinho. Marco Garcia, Cláudio Cezar e Marquinhos. Em 1987, a equipe da Vila Fátima chegou ao bicampeonato ao derrotar na final, em partida única, o Botucaraí por 1x0, gol de Gilson aos 44 minutos do segundo tempo. O time bicampeão contou com Nestor, Air, Gilmar e Danilo Cezar. Bafu, Ricardo Brixner, Vanderlei, Chubrega e Nei. Gilson e Cláudio Cezar. Em 89 veio o trimunicipal e novamente a final foi entre Minuano e Botucaraí. No primeiro jogo, o Minuano venceu por 1x0, gol de Joel. No segundo, o Botucaraí venceu por 1x0, gol de Itamar. A decisão foi para a prorrogação e Cláudio Cezar marcou o gol do título para o Minuano. O time tricampeão teve Batista, Peri, Gilmar, Air e Márcio (Valderi). Dóia, Marco Garcia e Sandro. Airton, Cláudio Cezar e Joel. Em 93, a agremiação da Vila Fátima disputou o título com o Olarias. No primeiro jogo, na Vila Fátima, vitória do Minuano por 2x0, gols de Rogério e Cláudio Cezar. Na decisão, em Linha do Rio, empate em 1x1, gols de Luizinho para o Minuano e Emerson para o Olarias. Com o resultado, o Minuano conquistou o tetra municipal. O time campeão foi formado com Fabiano, Márcio Frömmig, Fernando, Gilmar e Ducho (Joel). Nereu, Evandro e Sandro. Cláudio Cezar, Luizinho (Diovan) e Rogério (Alexandre). Danilo Cezar e Vanderlei Ribeiro eram os técnicos. Em 88 e 2000, o Minuano perdeu as finais para Botucaraí e Ouro Verde. Nos campeonatos de 84, 86, 91 e 98, o Minuano caiu nas semifinais. Em 99 e 2006, a equipe foi eliminada na 1ª fase e em 83, 2002,2004, 2007 e 2008, a agremiação não participou do certame.

Na foto principal que ilustra a matéria, a formação do Minuano em 1985: Breta, Batista, Danilo Cezar, Rui Maidana, Delmar e Ricardo Brixner. Agachados: Marco Garcia, Sebinho, Marquinhos, Cláudio Cezar e Vanderlei Ribeiro

Segundinho vence em 86 e 98
Já a equipe reserva do Minuano também teve a sua parcela de conquistas. Segundo Gilnei Souza, atual gerente da Loja Kottwitz, em 1986 a equipe conquistou pela primeira vez o título de campeão municipal no segundinho. Naquele campeonato, a equipe da Vila Fátima fez a final em partida única contra o Olarias no estádio Darcy Martin e venceu por 1x0, gol de Sandro Cezar. O time campeão foi formado com Gilnei, Ducho, Gilmar, Laércio e Márcio Soares. Chubrega, Luis Flores e Julio. Sandro, Daniel e Marco Garcia. Em 1998, a agremiação faturou o bicampeonato ao derrotar o Ouro Verde por 3x2 e 3x0. O time campeão teve Sandro, Leandro (Fabiano), Décio, Marcelo e Zezé (Nei). Régis, Luis, Ivan e Éder. Joel, Dudu e Daniel. Técnico: Gilnei Souza.

OUTROS TÍTULOS - O Minuano também foi campeão no futsal ao conquistar a Copa Verão do Clube Rio Branco, em 78, e o primeiro campeonato municipal de futsal, de forma invicta, em 1983. Em 97 e 98, a equipe da Vila Fátima foi bicampeã do campeonato de futebol cinco, disputado na AABB. Em 2008 e 2009, voltou a jogar os municipais de futsal e chegou às finais do campeonato de veteranos, obtendo por duas vezes o vice-campeonato.

A perda do campo
Uma ação judicial movida em 1996 por Levino Joaquim da Silveira obrigou o Minuano a devolver o campo ao lado do ginásio para o proprietário. Em 98, a agremiação passou a jogar em um novo campo na antiga pista de rodeios da Vila Fátima, na propriedade de Heitor da Fontoura Porto. A equipe jogou por dois anos, mas devido a alagamentos, desistiu de atuar no local. Na sua última participação em municipais, em 2006, o Minuano mandou os seus jogos no estádio Darcy Martin. Márcio Soares, atual presidente da equipe, salienta que após a perda do campo ao lado do ginásio, a equipe não se estruturou mais. Para o futuro, o presidente diz que é objetivo do Minuano fazer um novo campo em um terreno já desapropriado ao lado do ginásio e atrás da escola municipal Percílio Joaquim da Silveira. Segundo Soares, o Minuano está aguardando um auxílio da prefeitura, com o maquinário para a realização da terraplanagem do local. Outra promessa é a construção de uma quadra de futsal no ginásio. “Com o novo campo ao lado do ginásio, teremos uma estrutura adequada para voltar a disputar as competições”, diz. Outro objetivo salientado pelo presidente é tentar trazer as famílias da Vila Fátima de volta ao clube. “Para o Minuano continuar, é necessário mostrar para os demais jovens esse amor à camisa que aprendemos com as primeiras gerações”, finaliza.