terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Aliança, Arroio Grande








Arroio Grande. Uma localidade do norte de Candelária, distante a aproximadamente 17 km da sede do município. Seu nome, de acordo com a historiadora Marli Marlene Hintz, foi uma referência ao arroio que passa pela região. Em pesquisas recentes, ela conta que entre os anos de 1874 e 1900, o arroio recebia grandes volumes de água da serra e por não haver pontes, as pessoas precisavam fazer a travessia pelo leito. Era aí que ocorriam inúmeros afogamentos. A pesquisa, em fase inicial, já identifica 10 mortes por afogamento nesta época.
No futebol, a localidade deu os primeiros passos em meados da década de 60. Conforme o aposentado Adolfo Anildo Hübner, 80 anos, o time surgiu através de uma iniciativa de Lauro Ristow, que pretendia unir os jovens da localidade aos domingos. Ele lembra que o companheirismo existente entre os jogadores fez com que Ristow escolhesse o nome de Aliança. Uma das primeiras formações contou com os jogadores Lauro Ristow, João Carlos Ristow, Plínio Ristow, Adolfo Hübner, Lírio Steil, Ari Steil, Rudi Hübner, Isidoro Rutsatz, Telmo Wolf, Ari Ferreira, Servino Karnopp, Rubem Rutsatz, Rui Rutsatz, entre outros. O primeiro campo ficava na propriedade de Helmuth Steil, em Alto Arroio Grande. No começo o Aliança disputou amistosos contra times da região. Enfrentou o Flor da Serra (Picada Karnopp), Coqueirinho (Vila União), Ouro Fino (Alto da Légua), Ferro Frio (Passa Sete), Tabacos (Passa Sete), São Bento (Passa Sete), Ouro Verde (Linha Bernardino), Grêmio Esportivo Salso ( Linha do Salso), entre outros. Sempre teve as cores vermelho e branco, sendo conhecido como o colorado do Arroio Grande.
Adolfo Hübner conta que o idealizador Lauro Ristow fazia apresentações na localidade com um teatro de bonecos de pano para arrecadar recursos para o time. "Naquela época, o Lauro fazia essas apresentações em várias cidades do Estado. Era uma diversão só, pois ele contava piadas, falava em alemão e alegrava a comunidade", diz.

MUNICIPAIS - No dia 14 de abril de 1970, o time foi oficialmente registrado como Sociedade Esportiva Aliança. Foi então que o campo passou para a propriedade de Bertoldo Hübner. Além dos amistosos e torneios pela região, a agremiação disputou os primeiros campeonatos municipais realizados no período. Paulo Lindemann, genro de Adolfo, começou a defender a equipe neste período. O ex-zagueiro, hoje com 55 anos, lembra que no municipal de 1973 o Aliança disputou uma vaga para a semifinal contra o Ouro Verde. No primeiro jogo, em Linha Bernardino, vitória do Aliança por 3x0. Na partida de volta, disputada no Arroio Grande, o Aliança terminou o primeiro tempo vencendo por 4x0. No intervalo, Carlos Larger, técnico da equipe do Aliança, resolveu alterar a equipe e poupar os principais jogadores. No segundo tempo, o Ouro Verde conseguiu uma virada histórica por 5x4, levando a decisão da vaga para os pênaltis. Nas cobranças, o Ouro Verde acabou vencendo por 4x3 e avançou para a fase seguinte. "Tínhamos um time bom apenas com jogadores da localidade. Aquele jogo foi uma tragédia, tamanha a vantagem que tínhamos conquistado", conta. OArroio Grande participou de vários campeonatos municipais, mas jamais chegou a disputar uma final na categoria titulares. Na sua última participação, em 1994, o time disputou o triangular semifinal com Ouro Verde e Gaúcho, mas depois de incidentes ocorridos no confronto entre Olarias x Minuano a competição foi encerrada. No segundinho, a equipe do Arroio Grande chegou à final do campeonato disputado em 1993 quando enfrentou o Quilombo. Após três jogos e uma prorrogação empatados, a decisão foi para os pênaltis e a equipe do Quilombo sagrou-se campeã ao derrotar o Aliança por 4x2. O time vice-campeão foi formado com Claiton, Marcio Bataioli, Jociel, Sandro e Deivis. Leandro Schwantz, Cláudio Bataioli, Daltro e Dione. Eloir e Rogério. Jogaram ainda Osmar Koening, Bao, Joni, Ruizinho e Vladimir comandados por Norberto Hübner.

A primeira escolinha do interior do município
Por iniciativa do esportista Paulo Wolffenbüttel, foi fundada em 1994 a escolinha do Aliança. Conforme ele, o objetivo era unir as crianças da região através do futebol. No início das atividades, a escolinha teve 54 jogadores divididos nas categorias pré mirim, mirim, infantil e juvenil. Os treinos aconteciam sempre aos sábados à tarde e eram orientados por Wolffenbüttel. O frentista do Posto Esquinão, Márcio Bataioli, foi um dos atletas da escolinha. Jogador da juvenil, ele conta que para comprar o fardamento de todas as categorias, os meninos tiveram que vender uma rifa a fim de arrecadar o dinheiro necessário. A equipe disputou diversos amistosos contra grandes escolinhas de Candelária e da região. Ele lembra, por exemplo, das das partidas contra os juvenis de Juventude e Atlético. "Foram grandes jogos, tanto no Arroio Grande, como na cidade. Com o Juventude nós empatamos em 3x3 e 0x0 e com o Atlético, empatamos em 2x2 e vencemos na cidade por 1x0", diz.

MENINA - Paulo e Márcio recordam de um fato inusitado para a época. A escolinha tinha uma menina treinando na categoria infantil. De acordo com o treinador, Leila Jung jogava futebol com os demais meninos na localidade. "Ela não tinha medo e jogava muito bem", diz. No amistoso pela categoria infantil contra o Juventude, ela atuou e foi um dos destaques da partida. Após o jogo, os dirigentes do Juventude queriam levar Leila, achando que fosse um menino. Por falta de incentivo e apoio dos demais membros da comunidade, a escolinha terminou naquele mesmo ano. "Era bonito de ver a gurizada se dedicando ao time. Talvez se tivesse o apoio da comunidade e continuado com a escolinha, o Aliança poderia estar até hoje em atividade", lamenta Paulo.

PRELIMINAR - Em 1995, numa iniciativa de Astor Gewehr, a equipe principal do Aliança foi convidada para ir ao estádio Edmundo Feix, em Venâncio Aires, disputar um amistoso contra os juniores do Guarani, de Venâncio, como preliminar da partida entre Guarani x Grêmio, válido pelo Campeonato Gaúcho daquele ano. Márcio Bataioli era o lateral-direito daquela equipe e lembra da partida. "Aquele dia foi espetacular. Usamos o mesmo vestiário do Grêmio e no intervalo estávamos ao lado de Jardel, Paulo Nunes, Dinho, Goiano e companhia. Já estávamos perdendo por 5x0 e o Felipão, que era o treinador do Grêmio, estava dando dicas para nós não tomarmos mais gols do Guarani", diz. No final, os juniores do Guarani venceram por 9x0. A equipe do Aliança foi formada com Rogério Grehs, Everaldo Wolffenbüttel, Nilson Rainz, Jorge Kleinert, Rogério Gewehr, Márcio Bataioli, Jair Schünke, Jânio Schünke, Cláudio Bataioli, Emerson Schünke, Deives Baierle, Jociel Baierle, Joni Wolf, Danilo Wolffenbüttel e Delmar Hübner. Irio Schünke foi o treinador da equipe.

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