segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cruzeiro, Cidade






Com o término do Guarani, alguns meses depois - através de uma iniciativa do deficiente físico Chico Mesquita - foi fundada a equipe do Grêmio Esportivo Cruzeiro, da cidade. O ano era 1963. De acordo com o aposentando Tabajara Wernz, o Cruzeiro foi uma dissidência do Guarani, já que alguns jogadores passaram a defender as cores do Cruzeiro. Sobre o fundador, presidente e patrono da equipe, Chico Mesquita, Tabajara comenta que era um apaixonado pelo futebol, apesar da deficiência. "Todos tinham um respeito enorme pelo Chico, que mesmo sem poder caminhar, era muito dedicado em organizar o futebol", diz. O time contava, na época, com os jogadores que faziam parte do segundo quadro do Juventude. "O Cruzeiro era um time imbatível, que possuía grandes jogadores", lembra Tabajara. A agremiação mandava os seus jogos no estádio Darcy Martin e era formada por Bugrinho, Beto Oliveira, Mesquita, Pelego, Adroaldo, Maneco, Rubem Schneider, Maurício Oliveira, Gilberto Schünke, Maurilio Moraes, Nei Costa, Cenatiel, Arno Weirich, Tabajara Wernz, Ari Filter, Ery Matana, Chico Matana, entre outros.
PEDRADAS - Chico e Tabajara recordam de um amistoso que o Cruzeiro disputou contra o Estrela, na localidade de Picada Pfeifer. "O campo deles era uma ladeira e no segundo tempo nós jogamos de cima para baixo. O Pelego cobrou o tiro de meta, mas a bola foi tão forte, que estourou no travessão. No rebote, o Maurilio Moraes apareceu na área e fez o gol de cabeça. Vencemos aquele jogo por 1x0". Depois da partida, prosseguem, os jogadores do Cruzeiro estavam dentro do caminhão e tiveram que sair da localidade a pedradas, desferidas pelos torcedores do Estrela. "Eles nunca tinham perdido no campo deles e não engoliram aquela derrota. Na saída, fomos apedrejados pela torcida", lembra. Já em torneios, o azul e branco conquistou mais de 40 taças no período. "Como não existia campeonatos, todo o fim de semana eram disputados os torneios com a participação de mais de 20 times", diz Tabajara. A equipe do Cruzeiro existiu até meados de 1965, quando o fundador teve que largar o futebol e os demais atletas passaram a se dedicar exclusivamete ao Juventude na disputa do estadual amador. Comparando o futebol de hoje com o daquela época, Tabajara comenta que não se faz futebol como antes porque ninguém quer organizar. "Hoje está mais fácil de fazer futebol, pois tem mais dinheiro, estrutura e bons jogadores. O que falta são as pessoas certas para organizar um bom time", finaliza.

Palmeiras, Linha Alta







Linha Alta. Uma localidade situada no início da região da serra de Candelária, distante aproximadamente 10km do centro da cidade. Conforme a historiadora Marli Marlene Hintz, o nome da localidade foi denominada pelos primeiros imigrantes que chegaram ao município através do rio Pardo e fixaram suas residências na parte baixa, chamada de Linha do Rio. Como o rio Pardo era muito estreito e possuía profundidade, na primeira chuva houve forte enchente que devastou a região e assustou os novos moradores. Por precaução, os imigrantes foram buscar abrigo nos locais mais altos, vindo a se instalar na região do cerro, a qual passaram a chamar de Linha Alta. O primeiro colonizador foi Antônio Borges, que em 1857, vendeu as primeiras propriedades para moradores que se instalavam na região integrada entre Linha Facão, Linha Alta e Linha do Rio, conhecida como colônia Riopardense.
No final dos anos 60 foi implantado o futebol pela primeira vez na Linha Alta. Conforme Leonildo Baier, seu tio Victor Baier, mais conhecido por Baião, foi o fundador do Esporte Clube Irajá, o primeiro time da localidade. A equipe foi composta com os seguintes membros: Rui Aeckmann, Sebaldo Aeckmann, Norberto Gewehr, Nelson Mundstock, Norberto Roos, Ernesto de Bastos, Romano Türk, Lírio Türk (Jundiá), Ingo Schmidt, Vitor Baier, Dorinho e Doralício. O campo do grupo ficava nos fundos da escola municipal Marechal Deodoro. Leonildo conta que na época tinha 10 anos. Ele lembra que o Irajá chegou a disputar amistosos contra Olarias, Cruzeiro (Linha do Rio), São João (Linha Ana), Canarinho (Rebentona), Stanz (Passa Sete), entre outros. "Nos jogos fora, o pessoal ia de caminhão disputar as partidas", diz. O Irajá existiu até meados dos anos 70, quando foi desativado porque o fundador deixou a localidade.
Com o término do time, o futebol deixou de ser praticado por alguns anos na localidade. Através de uma iniciativa do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da escola municipal Marechal Deodoro, ainda nos anos 70 iniciaram as atividades do time de futebol denominado Palmeiras. Sob a coordenação de Ivo Radtke, a equipe começou a disputar alguns jogos amistosos como forma de unir a comunidade aos finais de semana. E então no dia 12 de agosto de 1981 o time passou à condição de entidade: a Sociedade Esportiva, Recreativa e Cultural Palmeiras, de Linha Alta. Nilson Hitz foi escolhido como primeiro presidente da agremiação.

A primeira conquista
Nos anos 80, o Palmeiras já era uma realidade na comunidade. O campo da equipe continuava nos fundos da escola e a equipe possuía as cores verde, branco e amarelo. Nos primeiros anos, o time disputou apenas amistosos e torneios, enfrentando agremiações como Tiradentes (Costa do Rio), Costa do Rio, Gaúcho, Olarias, Ouro Verde, Sempre Amigos, Alto Trombudo, Quilombo, entre outros. Em 1983, o Palmeiras acabou conquistando a sua primeira taça. De acordo com os relatos de Nilson Hitz, Leonildo Baier e Roni Gewehr, a equipe da Linha Alta disputou um torneio de verão, organizado pelo Olarias, que foi disputado no campo da equipe da Linha do Rio. Além de Palmeiras e Olarias, também participaram as equipes do Ouro Verde e do Quilombo. Nilson lembra que o time contava com alguns jovens da Linha Facão e no sorteio a equipe teria que fazer o jogo de abertura contra o Olarias pela manhã. "Não tínhamos o time completo para iniciar o jogo porque sabíamos que o pessoal do Facão estava plantando soja", diz. Poucos minutos antes de começar o jogo, os meninos Enor Pagel, Erno Pagel, Rui Kohl, René Kohl e Marco Kohl, vindos de bicicleta, chegaram ao campo, se fardaram e foram jogar. O Palmeiras venceu Olarias e Ouro Verde e empatou com o Quilombo, sagrando-se campeão da competição. O time vencedor foi formado com Rui Hintz, Enor Pagel, Armênio Otto, René Kohl e Ronildo Gewehr (Ipo). Leonildo Baier, Erno Pagel e Ilário Gewehr. Marco Kohl, Flávio e Rui Kohl. "Esse time era bastante respeitado na época. Foi um dos melhores que já tivemos", lembra Roni. A equipe da Linha Alta também conquistou um torneio na sede do Aliança, no Arroio Grande, vencendo na final a equipe da casa por 2x1, gols de Ipo e Leomar.

MUNICIPAIS - Já em municipais de campo, o Palmeiras teve apenas duas participações, nos campeonatos de 2002 e 2004, onde a equipe acabou eliminada na primeira fase. Após a disputa do certame, o futebol onze parou, sendo praticado apenas jogos de futebol sete e de futsal no ginásio. No municipal de futsal, a agremiação da Linha Alta foi à primeira equipe do interior a disputar uma semifinal no campeonato de 2006, onde acabou finalizando na 4ª colocação. Sobre o futebol atual, Roni e Leonildo salientam que não existe mais aquele amor à camisa como antigamente. "Naquela época havia o interesse pelo futebol, tinha mais rivalidade entre os times, hoje, isso não existe mais", diz Baier. "A juventude tem mais opções de lazer aos finais de semana, diferente da nossa época, onde o futebol era o lazer para os jovens", finaliza Gewehr.

A construção do ginásio
Em 1983 o Palmeiras organizou a primeira festa anual da entidade. Sempre realizada no terceiro domingo de fevereiro, a festa foi crescendo. Como o pavilhão da comunidade já não comportava o grande número de almoços, houve a necessidade de se construir um espaço maior. Nilson Hitz e Leonildo Baier lembram que em 1990 teve início o projeto para a construção do ginásio, através de uma iniciativa do então secretário de Educação, Itamar Vezentini. Logo foram erguidas as paredes, mas um vendaval acabou derrubando parte da construção. Após alguns anos paralisada, a obra foi retomada pela entidade com o auxílio da prefeitura, onde foi reconstruída a parede. Depois, a segunda etapa foi a colocação da cobertura. Antes de ser concluída, um novo temporal arrancou parte da estrutura metálica. A empresa responsável refez a cobertura.
Por fim, a terceira etapa foi a colocação da quadra, concluída em 2005, quando o ginásio, após 15 anos, foi entregue para a comunidade.

Na foto principal da matéria, a equipe do Palmeiras em 1987: Leonildo Baier, Leandro Priebe, Ronildo Gewehr (Ipo), Dario Hitz, Odécio Roos e Vilson Zuze. Agachados: Marcos Beise, Airton Steil, Roni Gewehr, Ilário Gewehr, Paulo Turcatto, Jorge Schwaroski e Gerson Schünke

25 de Julho, Picada Roos






25 de Julho. Uma data reverenciada a todos os colonos e motoristas. Através da lei federal nº. 5.496, de 5 de setembro de 1968, a data se reserva às homenagens aos colonos. Pela fé cristã, é também o dia para reverenciar a São Cristóvão, padroeiro de todos os motoristas. Através da lei municipal 089/01 de 4 de dezembro de 2001, o 25 de Julho é feriado em Candelária, ocasião em que colonos e motoristas se unem para confraternizar a data com festas pelas localidades do interior.
1968. Um grupo de amigos, todos jovens agricultores, moradores da localidade da Picada Roos, decidem formar um time de futebol. Segundo Renézio Roos, um dos fundadores, a equipe surgiu para garantir uma forma de entretenimento aos finais de semana aos jovens da localidade. Sobre o nome 25 de Julho, ele conta que no início todos os atletas trabalhavam na colônia e como a data era em homenagem ao colono, decidiram chamar a equipe de Esporte Clube 25 de Julho. O campo da agremiação foi feito na propriedade de Engelberto Priebe e o primeiro time contou com os seguintes jogadores. Ronaldo Bohr, Irineu Kottwitz, Leomar Priebe, Enar Schwantz, Zé da Gaita, Naldo Schultz, Sadi Schultz, Dorival Jung, Renézio Roos, André Schultz, Danilo Bortsmann, Arnoldo Rodrigues, entre outros. Ronaldo Bohr foi o primeiro presidente da equipe. Logo no início, o ex-prefeito Ronildo Gehres foi um dos incentivadores. Renézio conta que Ronildo foi quem patrocinou o primeiro terno de camisetas, de cor verde e gola branca, para o time.
Os jogos iniciais foram contra Ouro Fino (Alto da Légua), Onze Estrelas (Linha Brasil), Estrela (Vila Botucaraí), Real (Cerro Branco), Palmital (Palmital), Gaúcho e Cruzeiro (Linha Travessão), Botafogo (Travessão Schoenfeldt), entre outros. "Nosso principal adversário em amistosos era o Ouro Fino. Era o clássico aqui da região", conta Roos. O ex-ponteiro do 25 lembra de uma grave lesão que sofreu durante um amistoso contra o Onze Estrelas, da Linha Brasil. "Por mim eu teria continuado a jogar, mas acabei fraturando a clavícula e não tinha como. Fiquei dois meses parado e assim que tirei o gesso, na primeira partida voltei a jogar", diz.

Após longa caminhada, a primeira conquista
Na época, o 25 de Julho também disputava muitos torneios de futebol pela região. Renézio Roos recorda em especial de um torneio organizado na sede do Gaúcho, na Linha Travessão. "Saímos cedo e fomos a pé, aqui da Picada Roos até a Linha Travessão. Chegamos lá ao meio-dia, cansados, e à tarde começamos a jogar". A equipe enfrentou outros nove adversários e depois de muitos jogos, venceu a final nos pênaltis contra o Salso. "O Ronaldo Bohr era o nosso goleiro e naquele dia ele pegou três pênaltis na final", lembra. Outro fato interessante contado por Roos foi a participação do público nas partidas. "Tínhamos uma torcida que sempre acompanhava e nos incentivava nos jogos". O ex-atleta também lembra de uma partida que marcou a estreia do fardamento doado pelo então vereador Eurico Schwantz. "O Eurico doou um terno igual ao do Flamengo. Estreamos em um jogo comemorativo durante uma grande festa que foi realizada no galpão de Engelberto Priebe, ao lado do campo. Durante o jogo, Eurico e Odarci Schwantz e Olmiro Machado animaram o público cantando grandes sucessos da época", recorda. Durante a sua trajetória, a equipe da Picada Roos nunca disputou campeonatos municipais. Segundo Renézio, o destaque do grupo era Enar Schwantz. "Ele era muito habilidoso, jogava muita bola", ressalta. A agremiação existiu até o início dos anos 90, quando acabou terminando devido ao início do futebol sete pelo interior. Ao analisar o futebol de hoje, Roos salienta que o atualmente o futebol em Candelária não tem a mesma graça. "Naquela época nós gostávamos do futebol, jogávamos por amor à camiseta e era o divertimento da comunidade. No momento que os jogadores começaram a ganhar dinheiro, infelizmente se perdeu a vontade de se fazer o verdadeiro o futebol", encerra.

Na foto principal da matéria, o time fundado em 1968: Ronildo Gehres, Irineu Kottwitz, Leomar Priebe, Enar Schwantz, Zé da Gaita, Naldo Schultz e Sadi Schultz. Agachados: Dorival Jung, Renézio Roos, André Schultz, Danilo Bortsmann e Arnoldo Rodrigues

Minuano, Vila Fátima












Vento Minuano ou simplesmente Minuano. Este é o nome dado à corrente de ar que tipicamente acomete os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É um vento frio, de origem polar, com orientação sudoeste e classificado como cortante. Ocorre após a passagem das frentes frias no outono e inverno. Seu nome deriva dos Minuanos, um grupo indígena que habitava os campos no sul do Rio Grande do Sul. Eram índios de origem patagônica, como os Charruas e os Guenoas, com os quais nunca sobrepunham-se no mesmo território. Em 1730, aliaram-se aos charruas, havendo referências a ambas as denominações para o mesmo grupo.
1963. Um dia típico de inverno na gélida Vila Fátima de outrora. Os amigos Ernani Grehs, Darci Grehs, Elo Lopes de Carvalho, Anês Butzke, Alberi Soares e Loir Cezar se reuniram para um bate-papo casual na pacata localidade. Com o vento minuano soprando forte, ambos tiveram a ideia de formar um time de futebol, visando o entretenimento dos amigos. Surgia neste instante, o time denominado Esporte Clube Minuano. Segundo Elo Lopes de Carvalho, 67 anos, o primeiro campo foi feito em sua propriedade. Elo recorda do trabalho que os fundadores tiveram para adquirir a primeira bola para a equipe. “Como não tínhamos recursos, vendemos para o seu João Hintz vários frascos de vidro vazios de remédio e com o dinheiro, adquirimos a primeira bola”, lembra. Danilo Grehs, o Danilão, foi o primeiro presidente. Os jogos iniciais foram apenas entre os jovens da localidade. Alguns meses depois, a equipe realizou o seu primeiro amistoso na Vila Fátima contra o Independência, do Bom Retiro, sendo derrotado por 5x2. Depois, o campo passou para a propriedade de Hardi Rediske e o time promoveu jogos contra Picada Escura, Gaúcho (Palmeira), Botucaraí, entre outros. Em 1964, o Minuano disputou o seu primeiro campeonato na história. Conforme o agricultor Danilo Cezar, 59 anos, a equipe participou de um campeonato intermunicipal que contou com Real, Estrela, Botucaraí, Picada Escura, Gaúcho (Palmeira) e Minuano. Os jogos eram no sistema todos contra todos e quem somasse o maior número de pontos era campeão. Danilo e Elo lembram que o Minuano fez o maior número de pontos e acabou conquistando o título da competição. O time vencedor foi formado com Darci Grehs, Geraldo Cezar, Cabeleira, Alberi Soares e Elo Carvalho. Alberi Butzker, Anês Butzker e Eri Matana. Policarpio da Silva (Tio Fio), Loir Cezar e Ernani Grehs. No ano seguinte, a equipe da Vila Fátima faturou o bicampeonato na competição. Danilo e Elo também recordam de um torneio vencido em 1968 pelo Minuano no Bom Retiro. “Já estava escuro e a final foi contra um time de Cachoeira do Sul. Colocaram quatro carros para iluminar o campo. A partida estava 0x0 e no fim do jogo atiraram uma bola da lateral para o Romeu da Silva. Ele agarrou com a mão, colocou no chão e rolou para o gol vazio. Como não se enxergava bem de longe, o juiz achou que tinha sido gol e validou. Vencemos por 1x0 e conquistamos aquele torneio”, conta Elo.
Na foto principal que ilustra a matéria, o time campeão intermunicipal em 1964, formado por Alberi Soares, Ernani Grehs, Darci Grehs, Cabeleira, Policarpio da Silva (Tio Fio) e Elo Carvalho; agachados, Eri Matana, Geraldo Cezar, Alberi Butzker, Anês Butzker e Loir Cezar


Nos primeiros municipais, vice em 71
No início da década de 70, o Minuano passou a ter a sua praça de esportes na propriedade de Esmelindro Soares Cezar, o seu Lóka. Na época, o proprietário possuía salão de baile e uma cancha de bolão. Em 71, a equipe da Vila Fátima disputou o seu primeiro campeonato municipal, que naquele ano chegava a 2ª edição.
Depois de enfrentar equipes como Tabacos, Olarias, Independência, São Bento, Botucaraí, entre outros, o time chegou na final, que foi disputada em partida única no dia 31 de dezembro de 1971 contra o Ouro Verde. A equipe de Linha Bernardino acabou conquistando o título ao vencer o Minuano por 3x1, gols de Iá (2) e Silvio Minks para os vencedores. Joaquim Porto fez o gol do Minuano. O time do Minuano, vice-campeão em 71, foi formado com Darci Grehs, Quinha, Pedro Paulo, Gaúcho e Pingo. Mauro Trindade, Alberi Rodrigues e Ernani Grehs. Danilo Cezar, Diovan Machado e Joaquim Porto. Nos outros campeonatos, disputados até 1978, o Minuano não figurou entre os finalistas.

ESTADUAIS – Danilo Cezar recorda que a partir de 1974, o Minuano passou a disputar o Estadual de Amadores. Deste ano em diante, o campo ficava na propriedade de Levino Joaquim da Silveira. Como o local ainda não estava cercado, em 74 e 75 o Minuano disputou o estadual no Estádio Darcy Martin, onde enfrentou Juventude (Candelária), Tereza (Vera Cruz), Avenida (Santa Cruz), Cruzeiro (Venâncio Aires), entre outros. Danilo lembra dos primeiros clássicos com o Juventude pelo estadual, apelidado de Ju-Mi. “Era uma rivalidade muito forte. Quando nos enfrentavamos, lotava o Darcy Martin”, conta Danilo. Em 74, o Juventude venceu os dois confrontos pelo estadual. No ano seguinte, o Minuano venceu o primeiro jogo por 2x1. Após a partida, Danilo comenta que os jogadores desfilaram pela cidade para comemorar o triunfo. Nos dois primeiros anos, o Minuano chegou só até a segunda fase.

A sede que virou ginásio
As reuniões entre os membros do Minuano aconteciam na antiga Ferraria de Ernani Grehs. Eles debatiam assuntos relacionados à equipe. Segundo Alberi Soares, em 1972 Loir Cezar (já falecido) lançou a idéia do time ter sua sede própria, o que foi aceito pelos demais. Levino Joaquim da Silveira, que na época já cedia um espaço para o campo, doou um terreno para a construção da sede. Como a equipe não tinha recursos, Alberi lembra que os membros passaram a vender títulos da já então sociedade Minuano para adquirir fundos. Ico Hoppe foi o pedreiro responsável, Elemar Doebber deu parte dos tijolos e a empresa Horbach, a cobertura metálica. O restante da obra foi parcelada a prazo. A partir daí, a comunidade da Vila Fátima também passou a ajudar e a pequena sede se transformou no Ginásio da Sociedade Esportiva Minuano. Alberi diz que a construção não foi apoiada por nenhum político da época. “Foi uma vitória da comunidade conseguir concluir o ginásio”, explica. A inauguração aconteceu em meados de 1975. Após, o Minuano passou a realizar grandes bailes com bandas famosas como Itamone, João Roberto, entre outras, que eram muito comentadas na época.

CAMPO – Em 1977, o Minuano voltou a participar dos estaduais de futebol amador. Danilo Cezar recorda que a equipe da Vila Fátima não se acertou com a diretoria do Juventude para mandar os jogos novamente ao estádio Darcy Martin. Diante disso, e com autorização do proprietário do campo, Levino Joaquim da Silveira, a Sociedade Minuano cercou o campo com alambrado. Então, o alvi-rubro passou a disputar os jogos no estadual pela primeira vez em sua praça de esportes na Vila Fátima. Danilo lembra que como a equipe possuía as cores vermelho e branco, foi feito um uniforme em azul, vermelho e branco para diferenciá-la do Juventude. A equipe enfrentou novamente times tradicionais na região, mas foi eliminada na 1ª fase.



Com o ginásio concluído e o campo cercado, a Sociedade Esportiva Minuano já era uma realidade no cenário esportivo local. Entre 1985 e 1989, o time voltou a disputar os estaduais de futebol amador. A equipe enfrentou os tradicionais Juventude e Olarias, grupos da região Centro Serra, Agudo, Restinga Seca, Vera Cruz, Rio Pardo, Encruzilhada do Sul, Venâncio Aires, entre outros. O ex-zagueiro Air Menezes recorda dos clássicos contra as equipes locais. “Teve um com o Juventude, onde jogamos debaixo de chuva no Darcy Martin. Durante a partida, o árbitro foi expulsando os nossos jogadores por bater o tiro de meta para fora do campo e nos deixou com apenas seis em campo, vindo a encerrar o jogo pouco antes do final. A partida terminou 0x0, mas o árbitro colocou em súmula o placar de 1x0 em favor do Juventude devido às expulsões”, conta. Nos cinco anos em que participou da competição estadual, o Minuano não passou da primeira fase.

INTERMUNICIPAIS – Entre 91 e 94, foram realizados os campeonatos intermunicipais de futebol entre Candelária e Cerro Branco. O Minuano participou de apenas dois certames, em 91 e 94. No primeiro ano, a equipe da Vila Fátima foi eliminada na primeira fase. Em 94, o alvi-rubro sagrou-se campeão da competição ao derrotar na final a equipe do União, de Cerro Branco, por 1x0, gol de Cláudio Cezar. Com o título, o Minuano quebrou a hegemonia de União e Estrela, que haviam conquistado os três certames anteriores. O time campeão foi formado com Fabiano, Ducho, Nestor, Voldi, Gilmar, Julio, Márcio Soares, Gilnei, Rogério, Alexandre, Batista, Nereu, Evandro, Cláudio, Air, Arno, Farias e Éder.

OS TÍTULOS MUNICIPAIS - Em 1985, o Minuano chegou a sua primeira final de municipal na história. Na decisão, disputada em partida única no estádio Darcy Martin, a equipe da Vila Fátima derrotou o São Jorge por 2x0, gols de Cláudio Cezar. O time campeão foi formado com Batista, Rui Maidana, Danilo, Air (Breta) e Delmar. Ricardo Brixner, Vanderlei Ribeiro e Sebinho. Marco Garcia, Cláudio Cezar e Marquinhos. Em 1987, a equipe da Vila Fátima chegou ao bicampeonato ao derrotar na final, em partida única, o Botucaraí por 1x0, gol de Gilson aos 44 minutos do segundo tempo. O time bicampeão contou com Nestor, Air, Gilmar e Danilo Cezar. Bafu, Ricardo Brixner, Vanderlei, Chubrega e Nei. Gilson e Cláudio Cezar. Em 89 veio o trimunicipal e novamente a final foi entre Minuano e Botucaraí. No primeiro jogo, o Minuano venceu por 1x0, gol de Joel. No segundo, o Botucaraí venceu por 1x0, gol de Itamar. A decisão foi para a prorrogação e Cláudio Cezar marcou o gol do título para o Minuano. O time tricampeão teve Batista, Peri, Gilmar, Air e Márcio (Valderi). Dóia, Marco Garcia e Sandro. Airton, Cláudio Cezar e Joel. Em 93, a agremiação da Vila Fátima disputou o título com o Olarias. No primeiro jogo, na Vila Fátima, vitória do Minuano por 2x0, gols de Rogério e Cláudio Cezar. Na decisão, em Linha do Rio, empate em 1x1, gols de Luizinho para o Minuano e Emerson para o Olarias. Com o resultado, o Minuano conquistou o tetra municipal. O time campeão foi formado com Fabiano, Márcio Frömmig, Fernando, Gilmar e Ducho (Joel). Nereu, Evandro e Sandro. Cláudio Cezar, Luizinho (Diovan) e Rogério (Alexandre). Danilo Cezar e Vanderlei Ribeiro eram os técnicos. Em 88 e 2000, o Minuano perdeu as finais para Botucaraí e Ouro Verde. Nos campeonatos de 84, 86, 91 e 98, o Minuano caiu nas semifinais. Em 99 e 2006, a equipe foi eliminada na 1ª fase e em 83, 2002,2004, 2007 e 2008, a agremiação não participou do certame.

Na foto principal que ilustra a matéria, a formação do Minuano em 1985: Breta, Batista, Danilo Cezar, Rui Maidana, Delmar e Ricardo Brixner. Agachados: Marco Garcia, Sebinho, Marquinhos, Cláudio Cezar e Vanderlei Ribeiro

Segundinho vence em 86 e 98
Já a equipe reserva do Minuano também teve a sua parcela de conquistas. Segundo Gilnei Souza, atual gerente da Loja Kottwitz, em 1986 a equipe conquistou pela primeira vez o título de campeão municipal no segundinho. Naquele campeonato, a equipe da Vila Fátima fez a final em partida única contra o Olarias no estádio Darcy Martin e venceu por 1x0, gol de Sandro Cezar. O time campeão foi formado com Gilnei, Ducho, Gilmar, Laércio e Márcio Soares. Chubrega, Luis Flores e Julio. Sandro, Daniel e Marco Garcia. Em 1998, a agremiação faturou o bicampeonato ao derrotar o Ouro Verde por 3x2 e 3x0. O time campeão teve Sandro, Leandro (Fabiano), Décio, Marcelo e Zezé (Nei). Régis, Luis, Ivan e Éder. Joel, Dudu e Daniel. Técnico: Gilnei Souza.

OUTROS TÍTULOS - O Minuano também foi campeão no futsal ao conquistar a Copa Verão do Clube Rio Branco, em 78, e o primeiro campeonato municipal de futsal, de forma invicta, em 1983. Em 97 e 98, a equipe da Vila Fátima foi bicampeã do campeonato de futebol cinco, disputado na AABB. Em 2008 e 2009, voltou a jogar os municipais de futsal e chegou às finais do campeonato de veteranos, obtendo por duas vezes o vice-campeonato.

A perda do campo
Uma ação judicial movida em 1996 por Levino Joaquim da Silveira obrigou o Minuano a devolver o campo ao lado do ginásio para o proprietário. Em 98, a agremiação passou a jogar em um novo campo na antiga pista de rodeios da Vila Fátima, na propriedade de Heitor da Fontoura Porto. A equipe jogou por dois anos, mas devido a alagamentos, desistiu de atuar no local. Na sua última participação em municipais, em 2006, o Minuano mandou os seus jogos no estádio Darcy Martin. Márcio Soares, atual presidente da equipe, salienta que após a perda do campo ao lado do ginásio, a equipe não se estruturou mais. Para o futuro, o presidente diz que é objetivo do Minuano fazer um novo campo em um terreno já desapropriado ao lado do ginásio e atrás da escola municipal Percílio Joaquim da Silveira. Segundo Soares, o Minuano está aguardando um auxílio da prefeitura, com o maquinário para a realização da terraplanagem do local. Outra promessa é a construção de uma quadra de futsal no ginásio. “Com o novo campo ao lado do ginásio, teremos uma estrutura adequada para voltar a disputar as competições”, diz. Outro objetivo salientado pelo presidente é tentar trazer as famílias da Vila Fátima de volta ao clube. “Para o Minuano continuar, é necessário mostrar para os demais jovens esse amor à camisa que aprendemos com as primeiras gerações”, finaliza.

São Jorge, Cidade






Jorge era o nome de um soldado romano nascido na antiga Capadócia, região do sudeste da Anatólia, hoje República da Turquia. Residindo na corte do Imperador e vendo a crueldade do império romano contra os cristãos, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos que possuiam a fé cristã e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão e afirmou que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador passou a realizar torturas contra o soldado. Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado. Finalmente, Diocleciano não tendo êxito mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia. Após a sua morte, os cristãos santificaram o soldado como São Jorge, devido a sua luta em favor do cristianismo e dos mais humildes. No Brasil é o santo padroeiro dos escoteiros e no futebol, do Sport Club Corinthias Paulista.
Em 1981, surgia no antigo posto de gasolina Texaco, de propriedade de Vítor Porto dos Santos, no bairro Rincão Comprido, o Esporte Clube São Jorge. Um dos fundadores da equipe juntamente com Vitor foi João Correa, que na época, era funcionário do posto. “O Vitor teve a ideia de fazer um time com a gurizada que tinha no bairro e então decidimos dar o primeiro passo”, conta João. Sobre o nome São Jorge, ele diz que Vitor era devoto do santo e resolveu eleger este nome para a equipe. Os primeiros jogos foram disputados no Estádio Darcy Martin na categoria juvenil contra uma equipe montada pelo Delegado Morais. Correa recorda que o São Jorge venceu os dois jogos, o primeiro por 4x0 e o segundo por 8x0. Após, Walter Beskow cedeu por empréstimo um espaço ao lado de sua empresa e a equipe passou a ter o seu campo, às margens da RSC 287. Foi então formado o time adulto, que contou com os seguintes jogadores: Jarbas Braga, Pedro Oliveira, Valinho, Telminho, Roni Braga, Mauro Jordam, Chico Vargas, Clóvis Braga, Renato Machado, Daison Machado, Nilvo Machado, Gerson Souza, Ivanez Correa, Pingo, Bira, Levino, Nescafé, entre outros. João Correa era o treinador. A equipe disputou amistosos contra Tiradentes, São João (Cortado), São Cláudio (Cortado), Minuano, União, Camboim, entre outros. “No início, o Camboim era o nosso principal adversário, pois jogava no mesmo campo. Jogar contra eles era um clássico e dividia os torcedores aqui no Rincão”, lembra.

SANTA CRUZ – O fundador lembra também de um amistoso do São Jorge contra a equipe profissional do Futebol Clube Santa Cruz. Ele diz que na véspera da partida havia circulado uma informação em Santa Cruz de que os jogadores do São Jorge eram violentos. “Eles ligaram e queriam cancelar a partida. Dei a minha palavra que nada iria acontecer”, destaca. E de fato, o amistoso foi disputado no Estádio Darcy Martin de forma leal. O segundinho empatou em 3x3 com os reservas e juvenis e a equipe principal foi derrotada por 4x2 pelos profissionais do galo.

Após dois vices, a conquista do municipal de 86
João Correa, Jairo Gilberto Karnopp, Gerson Souza, Cláudio Gehres e Danilo Karnopp lembram que a equipe iniciou a sua trajetória em municipais em 1983. Neste ano, João, Gerson e Cláudio recordam de um fato inusitado antes da partida contra o Pinheiro. Havia chovido forte no sábado à noite. No domingo pela manhã, os membros do São Jorge fizeram uma vala e com vassouras, panos e baldes, conseguiram escoar a água do campo e dar condições para a realização da partida à tarde. O jogo terminou empatado em 1x1 e o São Jorge foi eliminado pelo Pinheiro. No segundinho, a equipe chegou na final, mas acabou derrotada pelo União, do Capão do Valo. Em 1984, o São Jorge chegou à sua primeira final após eliminar o o Cruzeiro, do Capão do Valo. Na partida de volta, disputada no Juventude, depois de um pênalti assinalado em favor do São Jorge, iniciou uma confusão generalizada. O Cruzeiro se retirou de campo e a equipe do Rincão Comprido avançou para as finais contra o Olarias, que faturou o título ao vencer por 2x1. No segundinho, o São Jorge conquistou o título ao derrotar o Minuano por 1x0, gol de Alberto. A partir deste campeonato, começa a se consolidar uma rivalidade forte entre São Jorge, Minuano e Olarias. “Estes jogos eram os clássicos da cidade e era o principal assunto nas rodas de conversa durante a semana, tamanho era o fanatismo pelo futebol”, conta Cláudio. Em 1985, o São Jorge chegou novamente às finais após eliminar o Botucaraí nas semifinais. Na decisão, a equipe da cidade enfrentou o Minuano. Pelo segundo ano seguido, o verde e branco do Rincão Comprido ficou com o vice ao ser derrotado por 2x0.

VIRADA – Em 1986, o São Jorge reforçou o seu plantel com jogadores de outros municípios. A equipe buscou atletas de Rio Pardo, Pantano Grande, Santa Cruz do Sul e Restinga Seca. Jairo Karnopp salienta que esta equipe ficou marcada por ser o “time da virada” por buscar resultados adversos extremamente difíceis. Nas semifinais, disputadas no Estádio Darcy Martin, a equipe enfrentou o Minuano, algoz no ano anterior. No primeiro jogo, após estar perdendo por 3x1 no primeiro tempo, a equipe do Rincão buscou a virada e a vitória por 4x3. Na segunda partida, o São Jorge confirmou a vaga na final ao vencer a equipe da Vila Fátima por 4x1. Na decisão, disputada em jogo único, mais de duas mil pessoas assistiram no campo do Juventude, a final entre São Jorge x Olarias. No primeiro tempo, o Olarias abriu 2x0. Na etapa final, o alvi-verde do Rincão empatou com dois gols de Roberto. A decisão foi para a prorrogação e Luciano, na época profissional do Avenida, de Santa Cruz, fez o gol da vitória e do título para o São Jorge. A equipe campeã foi formada com Zeiro, Telminho (Gilson), Abacate, Bafú e Bentão (Careca). Jair, Chico Vargas e Roberto. Taxinha, Luciano e Renatinho. Após o título, o São Jorge não disputou os municipais de 87 e 88, voltando em 89, onde acabou eliminado na 1ª fase. Depois, a equipe precisou devolver o campo a Walter Beskow e por falta de uma praça esportiva foi desativada. Ao analisarem o futebol da época com o futebol atual, os integrantes da equipe do São Jorge, salientam que hoje o futebol é mais organizado, mas que o de antigamente possuía mais vibração. “Naquela época, todos os times eram fortes e as comunidades ajudavam e participavam ativamente, pois o futebol era o único lazer de fim de semana. Hoje, existem muitas facilidades e opções de lazer, que acabaram contribuindo para o desinteresse dos jovens na prática da modalidade”.

Candelária, da cidade







Um cidadão de origem simples, mas que tinha no futebol a sua razão de viver. Amava o que fazia e era respeitado por todos que o cercavam por seu caráter honesto e digno e pelo amor que tinha para com o próximo. Assim era Adão Dias, mais conhecido por Tio Mico, o fundador do Esporte Clube Candelária, agremiação que levou o nome do município através do esporte para os mais diversos recantos, sempre no anseio de formar novas amizades por meio do futebol.
Adão Dias, o Tio Mico, faleceu no dia 13 de fevereiro de 1993, com 64 anos de idade, vítima de um derrame. Mas até hoje, ele é lembrado no meio esportivo principalmente pelo amor que tinha pelo futebol. A esposa do fundador, Teresa Dias, mais conhecida por dona Bidônia, conta que Tio Mico era um apaixonado pelo futebol. Em 1966, ele foi um dos fundadores do Esporte Clube Ouro Verde, de Linha Bernardino. Conhecido por seu talento como mergulhador, já que ajudava a salvar vítimas de afogamento, e por trabalhar na manutenção de açudes no interior, no fim da década de 1970, o esportista decidiu vir morar com a família na cidade, onde passou a exercer as funções de funcionário na antiga Ferragem Hintz. Como o futebol no interior era forte, dona Bidônia conta que na época existia na cidade apenas o futebol praticado pelo Juventude aos finais de semana.
Com o objetivo de fomentar a prática do futebol na cidade, Tio Mico e Paulo Obiraci Machado decidiram fundar, em 1979, a equipe do Esporte Clube Candelária. O campo ficava onde hoje é o da escola Lepage. No início, o Candelária realizava amistosos aos domingos. “Na época, pagávamos uma caução para a equipe visitante e quando retribuíamos a visita, o mesmo valor era devolvido”, conta a esposa do fundador. Sobre o trabalho que Tio Mico desenvolveu à frente do Candelária, dona Bidônia relata que não tinha tempo ruim para seu marido organizar o futebol. “Sempre aos sábados à tarde, ele escolhia uma criança e levava junto para o Lepage ajudar ele a cortar a grama e a marcar o campo. No domingo pela manhã, saía cedo com um carrinho, pegava a bebida na distribuidora do Zanata e já colocava na copa para ser vendida à tarde”. Dona Bidônia relata ainda que Tio Mico também confeccionava as redes para as goleiras e cuidava do fardamento, das bolas e ainda escalava o time. “Ele gostava de ver todo mundo bem.Se alguém não tinha chuteira, o Tio Mico comprava e dava para os jogadores mais humildes. Ele amava organizar o futebol”, resume.

20 jogos sem perder
O Candelária contou com grandes jogadores na sua época. Faziam parte da equipe, Jarbas Braga, Rogério Sch-wantz, Luis Carlos da Silva (Lucas), Paulo Obiraci Machado, Eliseu Brixner, Elges Santos (Macega), Francisco Ivanez da Rosa (Chico), Valdomiro Beloti, Lauro Rehbein, Ari Bortsmann, Valdemar Schwantz (Maia), Valdir Schwantz (Tiza), Paulinho Glanzel, Adão Onildo, Sérgio (Pelé), Saul Costa, Alberto da Rosa (Taxinha), José Luís Gomes, Mauro Trindade (falecido), Loir Ellwanger, entre outros. O lateral esquerdo da equipe, Elges Santos, o Macega, hoje com 57 anos, conta que a equipe tinha grandes jogadores do futebol candelariense naqueles tempos. O ex-jogador conta que a equipe chegou a ficar 20 jogos sem perder para nenhuma equipe. “Tínhamos um time muito bom. Era difícil de nós sermos derrotados nos amistosos, pois tínhamos um time bem estrosado”, conta. A equipe disputava amistosos em Candelária, em outras cidades da região e até em outras partes do Estado. “Uma vez jogamos um amistoso contra o Botafogo, do Travessão Schoenfeldt. Eles tinham um grande time e não perdiam para ninguém. Fomos lá e vencemos eles por 8x1”, recorda. Um dos destaques da equipe era o meia Maia. “Ele tinha uma facilidade para jogar impressionante e era muito inteligente. Com o Maia em campo, era difícil nós perdermos algum jogo”, salienta.

MUNICIPAL – Macega conta que o Candelária disputou o municipal de campo de 1983. Ele lembra que o time havia vencido todos os jogos e estava a uma vitória de ir para a final. “Jogamos com o Olarias na Linha do Rio. Saímos vencendo por 2x0. No segundo tempo, a arbitragem marcou dois pênaltis duvidosos em favor do Olarias, que empatou o jogo. Após a partida, houve uma confusão e acabamos eliminados daquele campeonato”. Depois disso, Tio Mico e os demais membros acabaram se desgostando e passaram a realizar somente os amistosos. Alguns anos depois, foi formado o veteranos do Candelária, que participou de um dos campeonatos na época. Em 1987, devido a uma enfermidade, Tio Mico acabou se afastando do futebol e a equipe terminou. “O Tio Mico adorava fazer o esporte, ele dava a vida, tinha prazer em fazer o futebol e conquistar novos amigos”, finaliza Macega.
Dona Bidônia também salienta a paixão do marido. “Ele era querido por todos e muito respeitador. Fico feliz em poder homenagear ele, que era um apaixonado pelo esporte”, completa.
Tio Mico se foi, mas até hoje o seus ideais estão vivos e na memória de cada um que vivenciou ao seu lado o sentido de se fazer o verdadeiro futebol.

Na foto que ilustra a matéria aparecem Jarbas Braga, Luis Carlos da Silva (Lucas), Paulo Obiraci Machado, Eliseu Brixner, Elges Santos (Macega), Francisco Ivanez da Rosa (Chico), Valdomiro Beloti, Lauro Rehbein e Tio Mico. Ari Bortsmann, Valdemar Schwantz (Maia), Paulinho Glänzel, Adão Onildo e Sérgio.

Tiaraju, Capão Claro







Um herói guarani reconhecido por lei no Rio Grande do Sul. Nascido em 1722 na região de São Luiz Gonzaga, Sepé Tiarajú foi um índio guerreiro que se tornou líder dos indígenas guaranis na chamada guerra guaranítica. Segundo a história, tudo começou em 1750 após a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e Espanha, onde foram delineados os limites territoriais entre portugueses e espanhóis na América do Sul. Após a assinaura do tratado, os índios guaranis residentes na região dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul, se recusavam a deixar as suas terras e transferir-se para o outro lado do Rio Uruguai. Com apoio dos jesuítas, em 1754 teve início a Guerra Guaranítica entre os índios e as tropas luso-brasileiras e espanholas. Um dos principais líderes guaranis foi o capitão Sepé Tiaraju, que comandou milhares de nativos na luta para manter seu território na região das missões até ser assassinado na Batalha de Caiboaté, ocorrida em São Gabriel, em 7 de fevereiro de 1756. Após sua morte, a resistência guarani chegou ao fim em maio de 1756. Diante do heroísmo de Sepé Tiarajú pelo povo guarani, a nível estadual, a Assembleia Legislativa aprovou por unanimidade no dia 18 de novembro de 2005, o projeto de lei - de autoria do deputado Frei Sérgio - que declara Sepé Tiaraju como “herói guarani missioneiro rio-grandense” e institui o dia 7 de fevereiro (data da morte do líder indígena) como o dia oficial do Estado em homenagem à memória do índio guerreiro.
Em Candelária, surgiu em 1967, na localidade do Capão Claro, a equipe de futebol Esporte Clube Tiarajú. Segundo um dos seus fundadores, Abrilino da Silveira, hoje com 64 anos, ele e os irmãos Pedro, Paulo e Sérgio Silveira, mais conhecido por Sheko, tiveram a ideia de formar um time para realizar uma atividade de lazer. Sobre o nome da agremiação, Abrilino e o capitão da equipe, Paulo Obiraci Machado, atualmente com 59 anos, contam que foi uma sugestão de Pedro, como referência ao herói guarani. O campo do time ficava na propriedade de Fermino Soares da Silveira, o Gurizinho, que era pai dos fundadores. Os primeiros jogos foram amistosos contra equipes da região. O Tiarajú jogou contra Pinheiro, Albardão, Picada Escura, Boa Esperança (Capão do Valo), Bexiga, Independência (Bom Retiro), Gaúcho (Linha Palmeira), entre outros. “Uma vez fomos jogar um amistoso no Albardão. Um trator com reboque estava nos levando e no meio do caminho alguém deixou cair um toco de cigarro em cima do saco com as camisetas. Como tinha muito vento, rapidamente começou a pegar fogo no saco. Rapidamente nós controlamos as chamas, mas acabamos perdendo algumas camisetas”, conta Obiraci. Abrilino também relata que o Tiarajú estava invicto a 18 partidas amistosas e que aquele jogo com o Albardão, quando aconteceu o incêndio, marcou a primeira derrota do time.

Mais de 30 taças no currículo
O Tiarajú era um time que tinha bastante fama na época por ser imbatível nos torneios. Segundo Paulo Obiraci Machado, era difícil a equipe não disputar as finais das competições. “Tínhamos um time muito forte e sempre ficávamos em primeiro ou em segundo nos torneios” lembra. A equipe era formada com Luzimar Larger, Abrilino Silveira, Paulo Obiraci Machado, Milton Soares e Sheko Silveira. Pedro Silveira, Paulo Silveira e Mauro Flores. Sílvio Moraes, João Fermino e Rogério. Jogaram ainda Onofre Soares, Alemão, Chupim, Sapo, entre outros. Pedro Silveira era o treinador. “ O Pedro (já falecido) era uma pessoa sensacional e nos incentivava muito nos jogos. Tínhamos um respeito muito grande por ele”, conta Paulo. O ex-capitão ainda lembra que antes dos torneios, a equipe sempre fazia uma concentração na propriedade de Gurizinho, aos sábados, para treinar o time e organizar pescarias para integrar a equipe. “Na época, nós imitávamos as concentrações da dupla Grenal e preparávamos o time para os torneios no domingo, era muito divertido”, recorda.

REGIONAL – Abrilino e Paulo falam de um torneio regional, organizado pelo Boa Esperança, do Capão do Valo, que contou com a participação de 23 equipes, vindas de Candelária, Rio Pardo e Cachoeira do Sul. O torneio foi realizado no dia 21 de dezembro de 1969 e a equipe do Tiarajú sagrou-se campeã daquela competição. “Já era escuro e na final vencemos um time de Cachoeira do Sul. Após, me lembro que ergui a taça no salão de Carlitos Freitas”, diz Paulo. Abrilino ainda relata um desafio proposto pelo Tiarajú na época. “Vencemos um torneio no Daer, em Rio Pardo. Após receber a taça, desafiamos os organizadores a realizarem uma seleção do torneio para jogar um amistoso no domingo seguinte. Eles aceitaram e no amistoso derrotamos a seleção deles por 3x1”, conta um dos fundadores. A equipe do Capão Claro não chegou a disputar campeonatos municipais. O Tiarajú existiu até meados de 1978 e acabou porque alguns membros da equipe já estavam parando com o futebol devido à idade.

ATUAL – Comparando com o futebol da época, Paulo e Abrilino compartilham da mesma opinião. “Naquele tempo era bonito de ver as famílias torcendo, com cerca de 500, 600 pessoas participando em um clima de amizade e integração. Hoje, o dinheiro tomou conta e não existe mais o mesmo sentimento de amizade”, diz Paulo. “Antigamente não se pagava juiz para apitar nos torneios de onze e os eventos reuniam entre 10 e 20 times. Hoje, se você não paga uma boa arbitragem, não tem jogo. Se foi o tempo de se jogar por amor à camisa”, resume Abrilino.

Rio Branco, Linha Curitiba






1977. Um ano marcado pela frieza política da ditadura militar no comando do Brasil. Aliada à força política da época, durante o governo Geisel, acontece a criação do estado do Mato Grosso do Sul, fruto da divisão com Mato Grosso. 77 é o ano da quebra dos tabus no esporte. No futebol, o Corinthians conquista um título depois de 23 anos, ao vencer a Ponte Preta na final do Campeonato Paulista, e o Grêmio, comandado por Telê Santana, quebra a série de oito títulos gaúchos do Inter ao derrotar o colorado na final por 1x0, no famoso gol “cambalhota” de André Catimba. Na pacata Candelária, o futebol já mexia com a cidade e o interior devido à fama do campeonato municipal de futebol. Movidos pela febre que o esporte exercia na época, dois jovens, um residente na Linha Curitiba, e outro na Linha Brasil, resolvem fundar, naquele ano, a equipe do Esporte Clube Rio Branco, da Linha Curitiba.
O pedreiro Juarez Scotta, hoje com 47 anos, e o comerciante Rogério Schwantz, 48 anos, foram os jovens que em 1977 idealizaram o time da Curitiba. Segundo Scotta, ele morava com os pais na Linha Brasil e trabalhava na Curitiba, onde conheceu Schwantz e outros jovens. “O futebol era a grande febre da época. Como nós gostávamos do esporte e o time mais próximo aqui era o Ouro Verde, eu e o Rogério tivemos a idéia de fazer um time na localidade”, conta. O campo da equipe ficava na propriedade de Silfredo Wagner. Sobre o nome do time, Scotta diz que o Rio Branco não tem nenhuma relação com o nome do Clube Rio Branco (existente até hoje) e da escola Rio Branco (atual sede da Igreja Sinodal). “Na época eu escolhi Rio Branco por não existir nenhum outro time na cidade e na região com essa denominação”, garante.

NOVE PÊNALTIS – Scotta recorda que o primeiro compromisso do Rio Branco foi um torneio de futebol na sede do Coqueirinho, na Vila União. Conforme ele, a equipe foi à tarde para a localidade e, ao chegar, se deparou com uma competição que já tinha entre oito e nove times. “O pessoal da região da serra era fanático por futebol e sempre realizava grandes torneios na época.” Schwantz, que era o goleiro do Rio Branco, diz que o campo onde foi disputado o torneio ficava no leito de um açude que tinha sido secado dias antes. Como tinha vários times, a maioria dos jogos foi decidida nos pênaltis. Scotta lembra que naquela tarde, Rogério Schwantz defendeu um total de nove pênaltis, levando o Rio Branco para a final. “O Rogério pegava muito e aquele dia ele estava inspirado”, destaca. Na decisão, a equipe da Linha Curitiba foi derrotada nos pênaltis pelo Flor da Serra. A façanha do Rio Branco no torneio foi muito comemorada pela equipe devido às dificuldades registradas durante a competição.

A zebra do municipal de 77
Pouco tempo depois de ter sido fundada, a equipe da Linha Curitiba acabou entrando pela primeira e única vez no Campeonato Municipal de Futebol. Scotta lembra que aquele campeonato teve um tempero especial com as transmissões esportivas de alguns jogos pela Rádio Princesa através do Padre Alfredo. “O padre era um grande incentivador do esporte e aquelas transmissões ajudavam a motivar ainda mais os times e os torcedores para a disputa do campeonato”, diz. No municipal, a equipe principal do Rio Branco foi formada com Rogério Schwantz, Taquara, Larri, Juarez Scotta e Eloir. Joni, Hilton Schroeder, Cabo Américo e Leri Ávila. Jonas Kaercher (Pelêgo) e Ciro. Jogaram ainda André Spengler, Edinho, Nildo Rodrigues, Volnei Escobar, Enar Saueressig, Vilmar Rohde, Valmor Bortsmann, Toco, entre outros. Arno Bortsmann era o técnico da equipe. O Rio Branco enfrentou times como Botucaraí, Gaúcho, Canarinho (Rebentona), Renascença, Candelária, Ouro Verde, Olarias, entre outros. Rogério lembra dos dois confrontos contra o Olarias, considerado o grande time da época. No primeiro turno, o azulão de Linha do Rio venceu o Rio Branco, que estava desfalcado, com uma goleada por 11x1. “Após aquela goleada, viramos motivo de chacota dos adversários. Os próprios membros do Olarias diziam, em tom de brincadeira, que iriam nos golear dentro da nossa casa, que no primeiro tempo viraria cinco e no final 10x0 para eles”, conta Rogério. No jogo pelo returno, em Linha Curitiba, o público lotou o campo do Rio Branco para ver uma nova goleada do Olarias, mas se surpreendeu ao ver o show do goleiro Rogério Schwantz e do centroavante Ciro, que foi decisivo ao marcar dois gols na vitória do Rio Branco por 2x1. “Aquela vitória valeu mais que um título, pois tiramos a invencibilidade deles no campeonato. Foi a maior zebra da história”, recorda Scotta. No campeonato, o Rio Branco chegou somente até a 2ª fase nas duas categorias e o Olarias foi o campeão ao vencer o Renascença na final, conquistando o bi-campeonato. “Por termos vencido eles, gentilmente o seu Agenor Schunke, presidente do Olarias, nos convidou para fazer a preliminar do jogo de entrega de faixas entre Olarias x juvenis do Grêmio”, lembra Rogério. Após, a equipe seguiu por mais algum tempo disputando amistosos, onde enfrentou times como o Onze Estrelas (Linha Brasil), Olaria (Vila Botucaraí), Botafogo (Travessão Schoenfeldt), 25 de Julho (Picada Roos), entre outros. Em meados de 78, a equipe foi desativada porque Scotta e mais alguns membros da equipe terem se desligado da localidade.
ATUAL – Depois do Rio Branco, a localidade de Linha Curitiba nunca mais teve um time de futebol onze. Nos anos 90, surgiu no futebol sete a equipe do Flamengo e após, a equipe do Curitiba, que sagrou-se campeão municipal em 2004. Atualmente a localidade participa pelo segundo ano seguido do municipal de futsal com a equipe do Curitiba. Ao analisarem o futebol da época, Juarez Scotta e Rogério Schwantz relatam o amor à camisa que existia entre os jogadores. “Naquela época, se dava valor aos jogadores da localidade para participar dos campeonatos. Hoje, os times renegam os pratas da casa e preferem pagar jogadores de fora. Por isso que o nosso futebol está acabando”, avaliou Scotta. Rogério também compartilha a mesma opinião. “Na época do Rio Branco, às vezes íamos a pé para jogar e caminhávamos cinco, 10km por dentro das lavouras para jogar um amistoso. A partir do momento que se teve a infeliz idéia de se pagar jogador, o nosso futebol deixou de ser varzeano para se tornar semi-profissional, onde somente os times com poder financeiro sobreviveram e os pequenos acabaram extintos”, finalizou.

União, Linha Boa Vista










Trincheira ou Linha Boa Vista. Uma localidade próxima da área urbana de Candelária que nos áureos tempos era conhecida pela aviação e pelo futebol. Lá existia um hangar que abrigava aviões de pequeno porte, sendo naquela época, uma referência na região. No futebol, já existia o América , fundado em 1971. Em pouco tempo depois, em meados de 1972, surgia a equipe do Esporte Clube União, da Linha Boa Vista.
Quem relata as histórias da equipe é o aposentado Hilton Steil, o popular Menegueti. Com 76 anos, "Seu Menegueti" conta que o União surgiu porque ele, Valdomiro Kochenborger, Arnoldo Pereira, Ari Hintz, Danilo Oliveira, entre outros, gostavam do futebol e queriam oportunizar momentos de lazer, nos domingos, para os membros da comunidade. O campo da equipe ficava na propriedade de Valdomiro Kochenborger, próximo ao trevo da localidade com a RSC 287. Menegueti relata que nos primeiros anos, o União disputava apenas amistosos, onde enfrentou agremiações de Cerro Branco e equipes tradicionais da época, como Tabacos, Botafogo (Travessão Schoenfeldt), Flor da Serra, Pinheiro e Cruzeiro (Linha Travessão). Menegueti, que além de fundador, era treinador da equipe, destaca uma vitória do União em um jogo amistoso que a equipe disputou contra o Botafogo no Travessão Schoenfeldt. “Estávamos perdendo no primeiro tempo por 2x1. No intervalo, eu paguei um refrigerante para cada atleta e dei uma chamada neles. No segundo tempo partimos para cima e nos acréscimos o Irio fez o gol e vencemos eles por 4x3. Após o jogo, o presidente deles chorava pela derrota, pois o Botafogo jamais tinha perdido um amistoso em casa”, conta. Um dos primeiros times do União foi formado com Paíca, Pedro, Morango, Ivan Machado e Rudimar. Ildo Rodrigues, Ricardo (Rascunho) e Enio Sanmartin. Ivo Rodrigues, João e Pedrinho. O contabilista Ildo Rodrigues, atualmente com 54 anos, relata outra jornada da equipe em amistosos na época. “Fomos jogar no sábado um amistoso contra o Flor da Serra em Picada Karnopp. Na subida, o nosso ônibus estragou. Como não tínhamos como voltar, toda a equipe teve que pernoitar no ônibus. Sem sono, acabamos indo em um baile no Salão Otto e no domingo pela manhã, ressacados, fomos jogar o amistoso. Somente no fim da tarde conseguimos voltar para a cidade”, lembra. Sobre os clássicos com o América, Menegueti diz que eram grandes jogos. “Não me recordo bem, mas acredito que o União tenha vencido mais partidas contra o América”, destaca o fundador.
Título bateu na trave em 1978
Em 1975, o União passou a disputar os campeonatos municipais. A equipe enfrentou agremiações como Botucaraí, Olarias, Minuano, Tabacos, América, Pedras Brancas, Minuano, Candelária, Renascença, Ouro Verde, Gaúcho (Linha Travessão), entre outros. Nos primeiros anos, não chegou entre os finalistas. Em 1978, o União obteve a sua melhor campanha ao chegar na final e decidir em seus domínios o título daquele ano contra o Olarias, que havia conquistado o municipal em 76 e 77. Segundo o Jornal Nossa Opinião, a decisão foi em duas partidas. No primeiro jogo, disputado na Linha do Rio, empate em 1x1. No segundo jogo, na Linha Boa Vista, vitória do Olarias por 3x1. “Saímos vencendo no primeiro tempo por 1x0. Na etapa final, o nosso goleiro foi infeliz em alguns lances e acabamos perdendo a final”, lembra Menegueti. Aquela conquista marcou o tricampeonato municipal do Olarias. O grupo do União foi formado com Fredão, Luis, Lampião, Pedrão e Orlando Gass. Bugrinho, Alceliro, Enio Sanmartin e Portinho. Rascunho e Irio Schünke. Após, os municipais tiveram uma parada e o União seguiu apenas disputando amistosos até 1983. Dirceu da Rosa Gomes era um dos atletas da equipe e recorda que o time jogava todos os domingos, na sua maioria, contra equipes de fora do município. A equipe contou com os seguintes jogadores naquela época: Fredão, Chico Preto, Bugrinho, Roni Braga, Mauro Trindade, Miguel Inácio, Vanderlei Ribeiro, Valdemar Schwantz (Maia), Valdir Schwantz (Tiza), Paulinho Glänzel, Valinho, Irio Schünke, Clóvis Braga, Dirceu da Rosa Gomes, entre outros.




A glória veio em 2007
Após disputar o certame municipal nos anos 80 e 90, Menegueti se afastou e Valdomiro Kochenborger, proprietário do campo, acabou desativando a praça esportiva da equipe no final da década de 90. Somente em 2007, através da iniciativa do esportista Valdomiro Lucas, o Miro, o União retornou e disputou o municipal no estádio Darcy Martin. Na sua volta ao municipal, a equipe eliminou o Ouro Verde nas semifinais. Em uma final épica contra o Ouro Preto, depois de perder o primeiro jogo por 3x0 e estar perdendo o segundo jogo por 2x0 no primeiro tempo, o União acabou virando o placar para 4x2 no tempo normal. Após 0x0 na prorrogação, a equipe da Linha Boa Vista conquistou nos pênaltis o tão sonhado título municipal. O time campeão foi formado com Diefer, Neguinho, Kiki, Marcel e Caju. Pelé, Valter, Pingo e Cebola. Choco e Lauri. Jogaram ainda Conrado, Barroges e Iri. Sobre o futuro do futebol, Menegueti diz que hoje não se faz futebol como antigamente. “Na época, não tínhamos apoio e trabalhávamos por amor à camisa. Hoje, o custo é muito alto e a juventude não tem o mesmo interesse que a gurizada da época tinha para praticar o futebol. Infelizmente o nosso futebol de campo está acabando”, diz.

Na foto principal, uma das primeiras formações do União: Hildo Rodrigues, Paíca, Pedro, Ivan Machado, Morango, Enio Sanmartin e Menegueti. Agachados: Rascunho, Duarte, Rudimar, João e Pedrinho.

Quilombo, da localidade de Quilombo








Quilombo. Na história, eram regiões de grande concentração de escravos que no período colonial fugiam de seus senhores e se refugiavam em locais de difícil acesso, embrenhados em matas, selvas e montanhas, formando aldeias. Em Candelária, uma localidade da região da serra surgiu por possuir vestígios de redutos de Quilombos. Segundo a historiadora Marli Marlene Hintz, a localidade foi colonizada em 1868 quando João Rauber e Jacob Eisenbarth passaram a vender colônias na região. Sobre o nome da localidade, ela salienta que teria se originado por causa do pesquisador Carl Von Schwerin, que em uma de suas expedições pela região (época em que era diretor da Colônia de Santa Cruz) teria encontrado vestígios de um possível Quilombo de escravos. Anos depois, foram descobertos dois redutos, sendo o primeiro no local onde estava situada a primeira igreja/escola Sinodal, que era de madeira e foi incendiada durante a Segunda Guerra Mundial. Já o outro reduto foi descoberto onde está situada a atual Igreja Sinodal e o cemitério.
Aliado às histórias e lendas da localidade, o futebol surgiu na década de 70 com a agremiação denominada por Esporte Clube Quilombo. O professor aposentado José Anger, hoje com 84 anos, foi um dos fundadores e o primeiro presidente da equipe. Segundo ele, o time do Quilombo surgiu com o término da equipe do São João, de Linha Ana. “A gurizada vinha da Linha Ana e ficava batendo bola aqui. Como foi aumentando o número de jogadores, resolvemos fazer o time”, conta. Anger, Arno Janhke, Darci Beise e os demais membros da comunidade fundaram o Quilombo. Beise recorda que um dos primeiros times foram formados com os seguintes jogadores: Guará, Orlando Gass, João Hoppe, Pescuma e Noe Anton. Cabrito, Reno Gass, Rui Beise e Lino Melz. Celestino Melz e Eliseu Rech. O primeiro campo da equipe ficava na propriedade de João Renato de Oliveira. Nos primeiros anos, o Quilombo disputava somente amistosos com equipes da região da serra e da cidade. A agremiação enfrentou Tabacos e São Bento, ambos do Passa Sete, Tiradentes, da Costa do Rio, Gaúcho e Cruzeiro, de Linha Travessão, Olarias, de Linha do Rio, entre outros. Beise e Anger destacam que em seus domínios era difícil alguém vencer o Quilombo em amistosos. “Uma vez, um torcedor do Gaúcho prometeu pagar um barril de chopp para nós e eles se o Gaúcho nos vencesse na nossa casa. Avisamos o Guará para ele tomar um gol e o Gaúcho nos derrotou naquele amistoso. Após, o torcedor cumpriu a promessa e pagou o barril de chopp e todo mundo confraternizou”, relembra o professor.
MUNICIPAIS – Após cerca de 10 anos, o Quilombo mudou o campo para a propriedade de Arno Janhke. A partir de 1985, a equipe passou a ser comandada por Darci Beise e entrou na disputa dos campeonatos municipais. Beise recorda do grupo que disputou aquele certame com a seguinte formação na equipe A: Juarez, Orlando, Clério, Priebe e Valberto. Gilnei, Dário e Edenir. Paulo Schuster, Geraldo Coalhada e Queco. Naquele ano, a equipe foi eliminada pelo Minuano, que foi o campeão daquele campeonato. Nos anos seguintes, o Quilombo voltou a disputar os municipais, chegando entre os seis melhores em 87 e nas semifinais em 88, sendo derrotado novamente pelo Minuano. Em 91, a equipe foi eliminada na primeira fase. “Naquela época, times como Olarias, Canarinho de Linha Facão, Minuano, Botucaraí, São Jorge, entre outros, eram fortes e difíceis de jogar.
Os campeonatos eram bem disputados”, relembra Darci.

Títulos chegaram em 1993
O ano de 1993 ficou marcado na história da equipe. Foi o ano em que ocorreram as duas principais conquistas da agremiação, que até hoje são lembradas por Beise. No dia 25 de julho de 1993, o Quilombo conquistou o título da Copa da Amizade, derrotando na final disputada no Estádio Darcy Martin, a equipe do Ouro Preto, do Pinheiro por 1x0. O gol do título foi marcado por Chubrega em cobrança de falta. A equipe campeã foi formada com Cristiano Dittberner, Clóvis, Poio, Dari e Pelé. Paulo Alves, Marcos Beise e Chubrega. Marco Garcia, Delano e Marco Kohl. Jogaram ainda Serginho, Valdemar, Fabiano e Roni Boijink. No final do ano, a equipe B do Quilombo sagrou-se campeã municipal após vencer nos pênaltis a equipe do Aliança, do Arroio Grande. Segundo José Cipriano de Oliveira, o Zeca, foram três empates entre as equipes e mais a disputa da prorrogação. Nos pênaltis, o Quilombo venceu por 4x2 em partida disputada no campo do Olarias, em Linha do Rio. “O Aliança tinha um bom time e foram jogos equilibrados. Foi a conquista mais suada da história”, conta. O time campeão foi formado com Clóvis, Feijão, Valdemar, Fausto e Herbert. Max, Pelé e Adelar. Zeca, Tonho e Jaques. Jogaram ainda Charles, Cleber, Luizinho, João e Caco. O treinador foi Félix Wendler. Na categoria titulares, o Quilombo não passou da primeira fase. Após os títulos conquistados em 93, a equipe foi extinta. Darci salientou que entre os motivos para o término do Quilombo estavam os problemas que a equipe enfrentava com a arbitragem na época. “Sempre procurávamos fazer um time bom para chegar e disputar os títulos, mas a arbitragem acabou nos prejudicando na grande maioria dos jogos. Então decidimos parar com o time e com o futebol aqui”, disse. Sobre uma possível reativação da equipe, Darci afirma que nos dias atuais é inviável se fazer futebol devido ao alto custo. “Naquela época, nem bem era meio-dia e os jogadores já estavam no campo para jogar. Hoje, a juventude aqui até tem a idéia de reativar o time, mas falta incentivo financeiro para custear as despesas e alguém para assumir a responsabilidade e organizar. Ninguém mais quer esse compromisso”, finalizou.

Cruzeiro, Capão do Valo





Cruzeiro, do Capão do Valo
Anos 80, uma década marcada pelo fim da ditadura militar e início da democracia na política brasileira. Década que marcou a popularização dos primeiros computadores pessoais e a descoberta da Aids. No esporte, foi um período marcado pela realização das polêmicas olimpíadas de Moscou, na antiga União Soviética, em 1980, e na cidade de Los Angeles, Estados Unidos, em 1984, que ficaram marcadas pela ingerência política no esporte em conseqüência da Guerra Fria. No futebol, Flamengo, em 81, e Grêmio, em 83, se consagram campeões mundiais. No automobilismo, Nelson Piquet e Airton Senna passam a alegrar as manhãs de domingo, conquistando vitórias e títulos mundiais na Fórmula Um. Aliado a toda essa efervescência, na localidade de Capão do Valo, interior de Candelária, duas novas equipes surgem no cenário esportivo, deixando muitas histórias em poucos anos de existência.
O agricultor João Carlos Fonte, hoje com 50 anos, foi um dos fundadores do Esporte Clube Cruzeiro, de Capão do Valo. Segundo Carlinhos, como é conhecido na comunidade, a equipe surgiu em 1984, após o término da equipe do Esporte Clube União, do Capão do Valo, fundado no início dos anos 80. Em 83 disputou as semifinais do municipal de campo, sendo eliminado pelo Olarias. No segundinho, a agremiação do campo foi campeã do certame municipal daquele ano. “Após aquela eliminação nos titulares, a maioria dos jogadores do União se desligou do time devido a discordâncias daquela partida contra o Olarias, pois tínhamos tudo para vencer e chegar a final contra o Pinheiro”, relembra. Após o término do União, no ano seguinte, Carlinhos, João Camargo e José Danilo Ottoni fundaram o Esporte Clube Cruzeiro. Ele conta que as cores do time foram definidas em azul e branco e o nome escolhido por votação entre os integrantes da equipe. O primeiro campo do Cruzeiro ficava na propriedade de Darci Gheno e, tempo depois, passou para a propriedade de Almerindo Ortiz, ao lado da capela Cristo Redentor, em Capão do Valo. O primeiro time foi formado com os seguintes jogadores: José Danilo Ottoni (Juca), José Cláudio Fonte, João Carlos Fonte, Alcemar Barbosa e Odanir Fagundes. Darci Gheno, Vitor Fagundes, Rudimar Moraes e Jurandir. Arcelino Camargo e João Camargo, que também era o treinador e organizador da equipe. “O João Camargo era quem fazia tudo. Ele era tão apaixonado pelo futebol que deixava os seus afazeres para buscar jogadores e organizar o time”, diz Carlinhos. Nos primeiros jogos, a equipe disputava torneios de futebol onze em Cachoeira do Sul, que ainda eram realizados naquela época.
MUNICIPAL – Mais tarde, revela Carlinhos, o Cruzeiro entrou no Campeonato Municipal de Futebol de 84. O ex- jogador afirma que para aquele certame, a organização liberou entre quatro e cinco jogadores de outros municípios. Com a liberação, a equipe do Capão do Valo ganhou reforço. O Cruzeiro enfrentou times como Minuano, Ouro Verde, Pinheiro, São Jorge, Botucaraí, entre outros naquele campeonato. “Me lembro de um jogo contra o Minuano aqui em nosso campo. O Telmo da Silva (já falecido) era o árbitro. Após um escanteio, o Jurandir acertou uma cabeçada no canto. A bola passou por fora da trave, mas entrando na rede pelo lado de fora e o Telmo acabou validando o gol. Apesar da pressão do Minuano, ele não voltou atrás e vencemos aquele jogo por 1x0”, recorda. O time do Cruzeiro para a disputa daquele municipal foi formado com Amarildo, José Cláudio, Alcemar, Beto e Budica. Darci, Carvão, Jurandir e Lauri Glashorester. Carlos Fonte e João Camargo. O alvi-azul do Capão do Valo acabou eliminado novamente nas semifinais para o São Jorge em partida disputada no Estádio Darcy Martin. “Aquele jogo com o São Jorge ficou marcado por uma briga generalizada entre os jogadores e torcedores das duas equipes. A partida não terminou e como o empate favorecia eles, o São Jorge foi para a final”, relata Carlinhos. Após a disputa daquele campeonato, o Cruzeiro foi desativado porque as pessoas que organizavam o time foram embora e porque o proprietário do campo, ao lado da capela da comunidade, não querer mais ceder o local para a prática esportiva. Alguns anos depois, os membros do Cruzeiro que ficaram na comunidade fundaram o Esporte Clube Boa Vista, que representou o futebol no Capão do Valo até meados da década de 90. Com a desativação do Boa Vista, o time que existe atualmente na localidade é o Grêmio Esportivo Capão do Valo, que em 2007 participou do campeonato municipal, sendo eliminado na 1ª fase.
FUTURO - Sobre o futuro do futebol no interior, Carlinhos acha que falta renovação. “Aqui no Capão do Valo, por exemplo, infelizmente a gurizada não está interessada no futebol. Eles preferem outras atividades e não se interessam pela modalidade”, diz. O ex-jogador, que também defendeu equipes como Pinheiro, Botucaraí e Canarinho, de Linha Facão, ressalta a sua preocupação com a entrada de dinheiro no futebol amador. “Joguei em vários times pela região e nunca recebi dinheiro na minha época. Hoje vejo que se a gurizada não recebe, eles não vão defender os times nos campeonatos. Infelizmente se foi a época de se jogar por amor à camisa. Hoje no amador se joga por amor ao dinheiro”, diz.
O time
O time do Cruzeiro em 1984 era formado por Juca Ottoni, Darci Gheno, Alcemar Barbosa, João Camargo, José Cláudio Fonte e Odanir Fagundes; agachados: Rudimar Moraes, Jurandir, João Carlos Fonte, Arcelino Camargo e Vitor Fagundes.