terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Guarani, Cidade






Os anos 60, acima de tudo, tiveram a "explosão" da juventude em todos os aspectos. Era a época dos jovens, influenciados pelas idéias de liberdade, começarem a se opor à sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos anos 50 seguia recluso, passou a caminhar pelas ruas nesta década, influenciando novas mudanças de comportamento. O período de 60 seguramente não foi uma, mas sim duas décadas. A primeira (60 a 65) foi marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais enquanto que no cenário político se evidenciava o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda (66 a 68), em um tom mais ácido, revelou as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos.
No início dos anos 60, o futebol já era uma forte realidade em Candelária. A participação do Grêmio Esportivo Juventude no Campeonato Estadual de Amadores, no qual foi vice-campeão em 1958, era a febre da época entre os esportistas do município. Foi por causa desta empolgação e pelo anseio de difundir o futebol que novas equipes amadoras começaram a surgir em Candelária. Conforme o aposentado Edegar Wernz, de 66 anos, através de uma iniciativa do esportista Igno Machado, foi fundado em 1960, no bairro Rincão Comprido, a equipe do Esporte Clube Guarani. O primeiro campo do time ficava na rua Daltro Filho, no mesmo local em que anos depois se formou o Camboim. Todavia, quando a agremiação começou a disputar os primeiros amistosos, os jogos passaram a se realizar no estádio Darcy Martin. A equipe enfrentou Pinheiro, Gaúcho (Linha Palmeira), Botucaraí, Estrela (Picada Pfeifer), Real (Cerro Branco), entre outros. Edegar recorda dos torneios que a equipe realizava aos finais de semana no Darcy Martin "Organizávamos um torneio de nível regional, que contava com a participação de times de vários municípios. Os jogos iniciavam no sábado e as finais aconteciam no domingo", lembra. O time do Guarani contava com os seguintes jogadores: Formiga, Edegar Wernz, Dirdão, João Marcos de Souza, Tio Mico, Paulo, Lé Martin, Acir, Sérgio, Adroaldo, Pinguinho, Iraí Ritzel, Arno Weirich, entre outros.
Edegar lembra de um jogo amistoso que o Guarani realizou na Picada Escura contra o Picada Escura. O ex-defensor da equipe conta que devido à falta de recursos financeiros, os jogadores se deslocaram a pé até a localidade para disputar a partida. "Saimos pela manhã da cidade e após duas horas de caminhada, chegamos ao campo. Jogamos o amistoso, mas acho que perdemos por 2x1 e, depois, voltamos a pé para cidade, onde chegamos à noite", diz.
Em função de alguns atletas terem saído de Candelária, a equipe do Guarani existiu até meados de 1963. Ao analisar o futebol de hoje, Edegar destaca que atualmente não existe mais vontade de jogar. "Na época nós pagávamos para jogar. Hoje, tem que pedir 'por favor' e pagar uma alta quantia para um jogador atuar. Infelizmente o nosso futebol acabou perdendo a graça", finaliza.

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