segunda-feira, 30 de novembro de 2009

América, Linha Boa Vista





Anos 60. Uma pequena equipe de futebol, do subúrbio do Rio de Janeiro, já fazia sucesso no futebol carioca. O nome da equipe, América Footbal Club, time fundado em 1904, e que teve o seu auge nos primeiros anos conquistando seis títulos cariocas. Em 1960, enfrentando equipes badaladas como Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense, o América conquista o sétimo título estadual e passa a ser conhecido nacionalmente pelo feito. Em 1972, surgia na localidade conhecida por Trincheira, hoje Linha Boa Vista, em Candelária, um time de futebol chamado América Futebol Clube.
Quem conta a história da equipe é o agricultor aposentado Lotário Doebber. Hoje, aos 62 anos, ele diz que entrou para o futebol quando servia o quartel em 1965. No ano seguinte, já morando na Linha Bernardino, junto com Reneu Kochenborger fundou o Esporte Clube Alambique, que anos depois viria a se chamar Esporte Clube Ouro Verde. Por quatro anos, o agricultor morou na Bernardino, e em 1971 mudou para a Boa Vista. Na localidade, em parceria com Cláudio Roberto Kochenborger, fundou, já no ano seguinte, o América Futebol Clube. Doebber conta que o time surgiu em função das partidas que eram realizadas aos domingos à tarde na propriedade de Hildo Rodrigues de Oliveira. “Nós convidávamos os internos do Lepage para jogar aos domingos aqui. Algum tempo depois, os jovens começaram a vir em maior número e então decidimos formar o time”, diz. Sobre o nome da agremiação, revela que o América foi escolhido por não ter nenhuma equipe na cidade com a denominação, além de ser uma forma de homenagear a equipe do Rio, que na época era muito famosa. As cores do time foram definidas como azul e branco. Nos primeiros tempos, o América disputou amistosos contra equipes tradicionais como Botucaraí, Tabacos, Ouro Verde, entre outros.
MUNICIPAL – Em 1973, a equipe da Linha Boa Vista disputou o primeiro campeonato municipal. Lotário recorda de uma cena no intervalo da partida contra o Tabacos, que era o grande time da época. “O jogo estava 0x0 e no intervalo, o presidente do Tabacos, Alfredo Rutsatz, mais conhecido por Bubi, chamou a atenção dos jogadores de uma maneira fora do normal. No segundo tempo, eles entraram com um outro ritmo e nos venceram por 3x1”, diz. Como eram jogos em turno e returno no sistema todos contra todos, na partida de volta, disputada no Passa Sete, o Tabacos goleou por 7x0. A equipe participou do certame nos anos de 73 até 77, sempre chegando entre os cinco primeiros na classificação geral. “Não tinha para bater Tabacos e Olarias. Eram as grandes forças do nosso futebol da época”, resume.
CLÁSSICOS – O fundador também lembra das partidas contra o União, tradicional adversário da equipe na localidade. Segundo Lotário, foram em torno de 10 partidas disputadas, com o retrospecto equilibrado entre as equipes. “Quando jogávamos em casa, ganhávamos deles. Mas quando disputávamos no campo do União, eles sempre levavam a melhor no confronto,” salientou. Ele cita os atacantes Fernando e Nestor Ellwanger, o “Rim”, como os que mais se destacavam na equipe. “Eles eram rápidos e dribladores. Davam muito trabalho para os zagueiros”. Outro que se sobressaía era o conhecido Delegado Morais. “Ele era a autoridade dentro de campo, tinha muita vontade e comandava a equipe”, conta. No início dos anos 80, a equipe se dizimou por problemas que envolviam a utilização do campo e a saída de jogadores para outras equipes. Pouco tempo depois, em 1981, Cláudio Kochenborger faleceu num acidente de trânsito. Ao analisar o esporte atual, Lotário observa que sem dinheiro, não se faz futebol em Candelária. “Naquela época, se o juiz apitava o final, nós perguntávamos, já acabou? De tanto que gostávamos de jogar. Hoje, os jogadores não vêem a hora de o juiz encerrar o jogo para eles receberem o dinheiro prometido pela equipe. Infelizmente não existe mais amor à camisa”, finaliza. O time do América contou com os seguintes jogadores: Lauro Fritz, Valmor Bredow, Valter Auler (Zanata), Paulo Ubiraci Machado, Edigar, Décio Pereira, Lotário Doebber, Delegado Morais, Dirceu da Rosa Gomes, Flávio Jentzen, Fernando Levis, Nestor Ellwanger (Rim), Paulo Almeida, Beto Almeida, Roni Braga, Paulo Bolacha, entre outros.
O time do América formado em 1974
Lotário Doebber, Lauro Fritz, Valmor Bredow, Edgar, Valter Auler (Zanata), Décio Pereira e Delegado Morais. Agachados: Dirceu da Rosa Gomes, Roni Braga, Fernando Levis, Flávio Jentzen, Luis Fernando Gonçalves e Nestor Ellwanger (Rim).

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