segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Cruzeiro, Linha Travessão
Cruzeiro, de Linha Travessão
Década de 60, mais precisamente no ano de 1965, que marcou o início da guerra do Vietnã, quando foram enviadas as primeiras forças de combate dos EUA para o Vietnã sul. Marcou também a inauguração da TV Globo operando no canal 4 do Rio de Janeiro e a eleição da tailandesa Apsra Hongsakula como miss universo e da britânica Lesley Langley como miss mundo. No futebol, surgia em 1965 na localidade de Linha Travessão, na região serrana de Candelária, o Esporte Clube Cruzeiro.
Quem conta a história da equipe é o agricultor aposentado Valdemiro Hirsch, hoje com 69 anos de idade. Segundo “Seu Miro”, como é chamado pelos amigos, o Cruzeiro surgiu devido às brincadeiras de domingo entre a turma de jovens de Linha Travessão. “Sempre jogávamos futebol aos domingos e tivemos a idéia de formar um time para disputarmos amistosos”, conta. Sobre o nome Cruzeiro, Miro diz que foi escolhido devido às cores da equipe, azul e branco, e pelo fato de existir na época a equipe do Cruzeiro, de Porto Alegre, que era muito famoso, e a equipe do Olarias, da Linha do Rio, que também tinha as mesmas cores. Após o surgimento, o Cruzeiro passou a disputar amistosos com equipes da região. Miro se recorda dos dois primeiros jogos da equipe, contra o Aliança, do Arroio Grande. “Vencemos em casa e empatamos no Arroio Grande”, conta.
ESQUEMA –A primeira equipe do Cruzeiro foi formada com os seguintes jogadores: Ari Roehrs, Dario Berle, Dario Post, Seno Hirsch, Vitor Rutsatz, Verno Rutsatz, Jacob Rutsatz, Enio Rutsatz, Valdemiro Hirsch, Dario Heick, Onírio Rehbein, Querto Rutsatz, Selvino Hirsch, entre outros. Dario Berle foi o primeiro presidente e Enio Rutsatz era o responsável por escalar a equipe. O campo do Cruzeiro ficava na propriedade de Ari Roerhs. Seu Miro conta que o time jogava no esquema 3-5-2. “Eu jogava como terceiro zagueiro, na frente dos “béchis” com a camisa numero 6”, recorda-se. Miro destaca o seu irmão, Seno Hirsch, como um dos destaques da equipe na época. “o Seno era um centroavante alto, forte, cabeceava bem e era bastante veloz”. Após, a equipe de Linha Travessão passou a disputar amistosos para fora do município, disputando jogos contra equipes de Santa Maria, Sinimbu, Vera Cruz e outros da região. A equipe também disputava os tradicionais torneios de futebol onze que eram realizados na década de 60. Miro lembra de um torneio vencido nos pênaltis pelo Cruzeiro no campo do Ouro Verde, em Linha Bernardino. “Me lembro que na final, acertamos as três cobranças e a bola passou pelo mesmo furo da rede”, disse, aos risos.
Na foto principal, a formação do E.C.Cruzeiro nos anos 60: Aceldo Rutsatz (criança), Vitor Rutsatz, Onívio Rebhein, Seno Hirsch, Dario Post, Querto Rutsatz e Selvino Hirsch. Agachados: Verno Rutsatz, Ari Roerhs, Dario Berle, Enio Rutsatz, Jacob Rutsatz e Valdemiro Hirsch
Os clássicos contra o Gaúcho
Alguns anos depois, surgiu na localidade a equipe do Esporte Clube Gaúcho. Nos primeiros anos, o time vermelho e branco do Travessão possuía o seu campo na propriedade de Ermino Rutsatz e algum tempo depois passou para a propriedade de Arnoldo Wendler, onde se encontra atualmente. Seu Miro se recorda que o segundo campo do Gaúcho ficava localizado a menos de 100 metros do campo do Cruzeiro. “Na época existia uma rivalidade muito forte entre as duas equipes, mas sempre com muito respeito”, disse. Cruzeiro e Gaúcho disputaram apenas dois amistosos. O primeiro, realizado no campo do Gaúcho, foi vencido pelos vermelhos. Na segunda partida, disputada no campo do Cruzeiro, os azuis foram os vencedores. O ex-jogador do Cruzeiro não se recorda dos placares, mas lembra que as duas partidas foram bem equilibradas. “Foram dois jogos bem disputados. Era bonito de ver o respeito que existia entre os dois lados”, salientou. Com a proximidade dos campos, as duas equipes tinham um “acordo de cavalheiros”, onde a cada domingo, uma jogava em Linha Travessão e outra disputava amistosos fora da localidade.
MUNICIPAIS – A equipe azul e branco de Linha Travessão não chegou a disputar os campeonatos municipais no período em que existiu, até meados de 1985. Segundo Seu Miro, os jovens da equipe passaram a integrar o plantel do Gaúcho, que era o representante da localidade no municipal, o que acabou sendo um dos fatores para o término da equipe. O ex-jogador e um dos fundadores da equipe relembra com emoção sobre o time. “Trabalhávamos durante a semana na lavoura sempre pensado no jogo de domingo. Às vezes, íamos a pé para disputar as partidas em outras localidades. Pelo Cruzeiro, o sacrifício valia a pena, pois jogávamos por amor a camisa”, finalizou.
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