segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tabacos, Passa Sete









Início dos anos 60. A cultura do fumo se expandia pelo interior de Candelária, gerando renda e crescimento econômico para o município. Com o avanço da cultura, iniciava as suas atividades no ano de 1964 na localidade de Passa Sete, a Empresa Industrial Tabacos Candelária, sendo esta uma das primeiras empresas fumageiras da terra do Botucaraí. A partir do surgimento da empresa, um ano depois foi fundada na localidade, a equipe de futebol do Esporte Clube Tabacos. A reportagem da Folha conversou com o mecânico aposentado e ex-jogador do Tabacos, Joni Rutsatz, e com os agricultores Arlindo Schünke e Paulo Wolfenbüttel, que relataram as histórias da equipe e os três títulos municipais conquistados pela agremiação.
INÍCIO – Segundo o agricultor Arlindo Schünke, o Tabacos surgiu após a iniciativa do instrutor de fumo Arnoldo Vecmak que incentivou os funcionários que trabalhavam na empresa a praticar o futebol aos finais de semana. “O Arnoldo comprou a bola e as chuteiras e nos incentivou a jogar”, contou Schünke, que trabalhava na empresa. Como a maioria dos integrantes da equipe trabalhava na empresa fumageira, os jogadores escolheram o nome Tabacos, sendo definido o time como Esporte Clube Tabacos. Os primeiros integrantes foram os seguintes: Enio Velker, Licio, Almedo Schünke, Danilo Rodrigues, Aceliro Grehs, Astor Grehs, Arlindo Schünke, Irio Schünke, Joni Rutsatz, Adelo Grehs, Aliro Grehs, Arnoldo Vecmak , Sadi Brinckmann, Roni Schünke, Mandoca, João Back, entre outros. Enio Welker foi o primeiro treinador. Nos anos iniciais, a equipe disputava jogos amistosos no campo ao lado da sede da Cooperativa Passa Sete contra equipes da região como Olarias, Aliança, Flor da Serra, Grêmio Esportivo Salso, Cruzeiro, Gaúcho. Joni Rutsatz se lembra de um fato curioso durante o caminho para a disputa de um amistoso contra o Flor da Serra na Picada Karnopp. “Me lembro que estávamos indo de caminhão para enfrentar o Flor da Serra. No meio do caminho, o caminhão apagou e não subiu mais. Abandonamos e fomos a pé para o jogo. Após uns dois quilômetros de caminhada, chegamos ao local da partida”. O jogador se recorda que após a jornada, a equipe venceu o amistoso, não lembrando o placar. A equipe também disputou vários torneios, obtendo o primeiro lugar na grande maioria das competições. Arlindo diz que a equipe adotou o vermelho e branco como sendo as cores oficiais. O ex-jogador do Tabacos destaca o coletivo da equipe, mas individualmente, a habilidade de Joni Rutsatz com a bola. “Com o Joni era fácil de jogar. Ele fazia bem o pivô na frente e sempre nos deixava na boa para marcar os gols. Jogava muito como centroavante”, destacou.
Na foto principal, a equipe bicampeã municipal em 72: Arlindo Schünke, Theofredo Rutsatz, Gerson Seckler, Lírio Turk (Jundiá), Irio Schünke, André Back, Astor Grehs, Ivanio Porto e Dorval Batista. Agachados: Ireno, Elpidio Goelzer, Joni Rutsatz, Portinho e João Back

Os três título municipais
Em 1970, o CMD organizou o 1º Campeonato Municipal de Futebol de Campo. O vermelho e branco do Passa Sete disputou a competição, enfrentando equipes como o Olarias, Botucaraí, Ouro Verde, Pedras Brancas, São Bento, Minuano e Independência. Na fase classificatória, as equipes jogaram no sistema todos contra todos, se classificando as duas melhores para as finais. Tabacos e Independência foram os finalistas. Após um empate em 0x0 no primeiro jogo, disputado no Bom Retiro, o Tabacos venceu a partida de volta por 1x0, gol de Almedo Schünke. Com a vitória, o Tabacos ergueu pela primeira vez o troféu rotativo, idealizado pela organização. “No primeiro ano, o campeonato era bem equilibrado com grandes times disputando a competição. Na final foram dois jogos bem disputados com o Independência. Qualquer um dos dois poderia ter vencido aquele campeonato, tamanho o equilíbrio entre as equipes”, relembra Rutsatz. O time que venceu o primeiro municipal da história foi formado com Alceliro Grehs, André Back, Almedo Schünke, Astor Grehs e Vilceu. Nenê, Glaor, Rui Goelzer, Alceliro Bohrer, Joni Rutsatz e João Back.
BI - Em 1972, a agremiação do Passa Sete conquistou o bicampeonato municipal após vencer nos pênaltis, a final disputada contra o arqui-rival da localidade, São Bento, na decisão que foi realizada no antigo Estádio dos Eucaliptos, hoje Darcy Martin. “Me lembro que no primeiro jogo, o Astor Grehs veio correndo para cortar o cruzamento do atacante do São Bento. Na corrida, ele escorregou e acabou batendo com o braço na bola. O pessoal do São Bento pediu o pênalti e a arbitragem não marcou”, disse Joni. A equipe bicampeã foi formada com Irio Schünke, Gerson Seckler, Lírio Turk, André Back, Astor Grehs, Ivanio Porto, Ireno, Elpídio Goelzer, Joni Rutsatz, Portinho e João Back. Teofredo Rutsatz foi o técnico e Dorval Batista o presidente do time.
TRI - Em 1974, o Tabacos chegou ao tricampeonato municipal após vencer o Olarias na final por 2x1, em partida final disputada novamente no Estádio dos Eucaliptos. Paulo Wolffenbüttel, hoje com 46 anos, se recorda de um lance decisivo que marcou aquela final. “No final do jogo, o Gerson Seckler salvou um gol em cima da linha, sendo muito comemorado por todos por ter sido o herói da final”. Com a conquista do trimunicipal, o CMD entregou em definitivo para o Tabacos a taça rotativa, que se encontra até hoje na estante de Joni Rutsatz. “Aquele título foi muito comemorado. Bebemos muito chopp naquela taça”, se recorda o ex-centroavante do Tabacos.
FUTURO – Após a conquista dos municipais, a equipe de futebol do Tabacos seguiu por mais um ano, sendo desativada em 76. No final dos anos 70, Paulo Wolfenbüttel, com a colaboração de Valmor Weirich, estruturaram novamente a equipe, que passou a disputar amistosos e torneios. O campo da equipe passou para onde hoje está situada a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Dinarte, equipe que existiu até o início dos anos 80. Após o término da equipe de onze, o Tabacos passou a ser uma equipe de futebol sete. Em 1998, o time do Passa Sete conquistou o municipal de futebol sete e em 2008, a agremiação venceu o campeonato praiano de futebol de areia. A diretoria atual é composta por Alceri Berle (presidente), Emerson Schünke (secretário) e Osmar Köening (tesoureiro). Paulo Wolfenbüttel conta que já foi presidente da equipe e sonha em vê-la novamente disputando os municipais. “A história que o Tabacos construiu é muito bonita e deve ser valorizada. Meu sonho é ativar uma escolinha e um departamento de veteranos. Junto com os pais dos meninos e com os ex-atletas, gostaria de formar novamente o Tabacos”, salientou. Após defender o vermelho e branco do Passa Sete, Joni Rutsatz obteve o seu quarto título municipal com o Olarias em 84. O mecânico aposentado reside em Santa Cruz do Sul desde 1969 e sempre foi um desportista atuante, conquistando diversas premiações individuais em várias modalidades esportivas. No futebol, Joni jogou campeonatos pela sua empresa, a Philips Morris, e no futebol amador nos municípios de Sinimbu, Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul. O jogador também fez parte da equipe do Avenida, que disputou a segundona gaúcha nos anos 80. Em 1987, foi homenageado como exemplo de desportista pela Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. “Naquela época se vestia a camisa de verdade, o torcedor ia aos campos e torcia pelo seu time, pois o futebol aos domingos era a sua única diversão. Infelizmente hoje não existe mais aquele fanatismo. Espero que no futuro os jovens do Passa Sete sigam o caminho do futebol para manter viva esta história”.

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