segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Candelária, da cidade







Um cidadão de origem simples, mas que tinha no futebol a sua razão de viver. Amava o que fazia e era respeitado por todos que o cercavam por seu caráter honesto e digno e pelo amor que tinha para com o próximo. Assim era Adão Dias, mais conhecido por Tio Mico, o fundador do Esporte Clube Candelária, agremiação que levou o nome do município através do esporte para os mais diversos recantos, sempre no anseio de formar novas amizades por meio do futebol.
Adão Dias, o Tio Mico, faleceu no dia 13 de fevereiro de 1993, com 64 anos de idade, vítima de um derrame. Mas até hoje, ele é lembrado no meio esportivo principalmente pelo amor que tinha pelo futebol. A esposa do fundador, Teresa Dias, mais conhecida por dona Bidônia, conta que Tio Mico era um apaixonado pelo futebol. Em 1966, ele foi um dos fundadores do Esporte Clube Ouro Verde, de Linha Bernardino. Conhecido por seu talento como mergulhador, já que ajudava a salvar vítimas de afogamento, e por trabalhar na manutenção de açudes no interior, no fim da década de 1970, o esportista decidiu vir morar com a família na cidade, onde passou a exercer as funções de funcionário na antiga Ferragem Hintz. Como o futebol no interior era forte, dona Bidônia conta que na época existia na cidade apenas o futebol praticado pelo Juventude aos finais de semana.
Com o objetivo de fomentar a prática do futebol na cidade, Tio Mico e Paulo Obiraci Machado decidiram fundar, em 1979, a equipe do Esporte Clube Candelária. O campo ficava onde hoje é o da escola Lepage. No início, o Candelária realizava amistosos aos domingos. “Na época, pagávamos uma caução para a equipe visitante e quando retribuíamos a visita, o mesmo valor era devolvido”, conta a esposa do fundador. Sobre o trabalho que Tio Mico desenvolveu à frente do Candelária, dona Bidônia relata que não tinha tempo ruim para seu marido organizar o futebol. “Sempre aos sábados à tarde, ele escolhia uma criança e levava junto para o Lepage ajudar ele a cortar a grama e a marcar o campo. No domingo pela manhã, saía cedo com um carrinho, pegava a bebida na distribuidora do Zanata e já colocava na copa para ser vendida à tarde”. Dona Bidônia relata ainda que Tio Mico também confeccionava as redes para as goleiras e cuidava do fardamento, das bolas e ainda escalava o time. “Ele gostava de ver todo mundo bem.Se alguém não tinha chuteira, o Tio Mico comprava e dava para os jogadores mais humildes. Ele amava organizar o futebol”, resume.

20 jogos sem perder
O Candelária contou com grandes jogadores na sua época. Faziam parte da equipe, Jarbas Braga, Rogério Sch-wantz, Luis Carlos da Silva (Lucas), Paulo Obiraci Machado, Eliseu Brixner, Elges Santos (Macega), Francisco Ivanez da Rosa (Chico), Valdomiro Beloti, Lauro Rehbein, Ari Bortsmann, Valdemar Schwantz (Maia), Valdir Schwantz (Tiza), Paulinho Glanzel, Adão Onildo, Sérgio (Pelé), Saul Costa, Alberto da Rosa (Taxinha), José Luís Gomes, Mauro Trindade (falecido), Loir Ellwanger, entre outros. O lateral esquerdo da equipe, Elges Santos, o Macega, hoje com 57 anos, conta que a equipe tinha grandes jogadores do futebol candelariense naqueles tempos. O ex-jogador conta que a equipe chegou a ficar 20 jogos sem perder para nenhuma equipe. “Tínhamos um time muito bom. Era difícil de nós sermos derrotados nos amistosos, pois tínhamos um time bem estrosado”, conta. A equipe disputava amistosos em Candelária, em outras cidades da região e até em outras partes do Estado. “Uma vez jogamos um amistoso contra o Botafogo, do Travessão Schoenfeldt. Eles tinham um grande time e não perdiam para ninguém. Fomos lá e vencemos eles por 8x1”, recorda. Um dos destaques da equipe era o meia Maia. “Ele tinha uma facilidade para jogar impressionante e era muito inteligente. Com o Maia em campo, era difícil nós perdermos algum jogo”, salienta.

MUNICIPAL – Macega conta que o Candelária disputou o municipal de campo de 1983. Ele lembra que o time havia vencido todos os jogos e estava a uma vitória de ir para a final. “Jogamos com o Olarias na Linha do Rio. Saímos vencendo por 2x0. No segundo tempo, a arbitragem marcou dois pênaltis duvidosos em favor do Olarias, que empatou o jogo. Após a partida, houve uma confusão e acabamos eliminados daquele campeonato”. Depois disso, Tio Mico e os demais membros acabaram se desgostando e passaram a realizar somente os amistosos. Alguns anos depois, foi formado o veteranos do Candelária, que participou de um dos campeonatos na época. Em 1987, devido a uma enfermidade, Tio Mico acabou se afastando do futebol e a equipe terminou. “O Tio Mico adorava fazer o esporte, ele dava a vida, tinha prazer em fazer o futebol e conquistar novos amigos”, finaliza Macega.
Dona Bidônia também salienta a paixão do marido. “Ele era querido por todos e muito respeitador. Fico feliz em poder homenagear ele, que era um apaixonado pelo esporte”, completa.
Tio Mico se foi, mas até hoje o seus ideais estão vivos e na memória de cada um que vivenciou ao seu lado o sentido de se fazer o verdadeiro futebol.

Na foto que ilustra a matéria aparecem Jarbas Braga, Luis Carlos da Silva (Lucas), Paulo Obiraci Machado, Eliseu Brixner, Elges Santos (Macega), Francisco Ivanez da Rosa (Chico), Valdomiro Beloti, Lauro Rehbein e Tio Mico. Ari Bortsmann, Valdemar Schwantz (Maia), Paulinho Glänzel, Adão Onildo e Sérgio.

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria Tiago. Vivi boa parte do que relata. Conheci pessoalmente a todos, mesmo sendo ainda um menino. Assisti às reuniões antes da criação do Candelária, algumas dentro da casa dos meus pais, à criação e confecção das camisetas, que inicialmente eram verdes com um passarinho no peito, bordado pela minha mãe. Saboreei os pastéis feitos pela Bidônia, assim como às "galinhadas" feitas na sede dos escoteiros antes do clube ser fundado. Fui ajudante para pintar o campo e escalado algumas vezes pelo Tio Mico para o segundo quadro... Assisti ao meu pai e aos seus colegas jogarem maestralmente com uma consistência e sequência impressionantes. Este tempo foi fantástico, este time era fantástico... Grande abraço fraternal:. Paulo Machado:.

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