terça-feira, 28 de junho de 2011

História do futsal de Candelária - parte 1



A história do futsal candelariense - parte 1

O futebol de salão surgiu por volta de 1940 através de jovens freqüentadores da Associação Cristã de Moços (ACM) de São Paulo. Devido à dificuldade para encontrar campos de futebol, os rapazes improvisavam “peladas” nas quadras de hóquei, aproveitando as traves usadas na prática desse esporte. As bolas eram de crina vegetal, serragem ou cortiça granulada e sofreram sucessivas modificações, diminuindo o seu tamanho e aumentando seu peso. Vem daí o fato do futebol de salão ser chamado também de “esporte da bola pesada”. Na década de 50, surgiram as primeiras federações estaduais e, em 1955, foram criadas e homologadas as primeiras regras, com a realização do primeiro campeonato oficial. Neste mesmo ano o futebol de salão foi oficializado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
PRIMEIRA QUADRA - Em Candelária a prática desportiva ensaiou seus primeiros passos em meados da década de 40, a partir da construção da primeira quadra esportiva do município, junto ao Clube Rio Branco. Quem conta esta história são dois personagens marcantes na história esportiva de Candelária. Um é Rui Lenz, filho do Intendente Albino Lenz (1º prefeito de Candelária), hoje aposentado. O outro é Clóvis Filter, um dos grandes jogadores de futebol de salão da época, atualmente igualmente aposentado. Segundo seu Rui, a construção da quadra do Clube Rio Branco foi incentivada por pessoas que trabalhavam e residiam em Candelária (médicos, delegado e comerciantes), mas que eram naturais de outros municípios. Na época, todos eram sócios do Clube e queriam um lugar para jogar basquete. No entanto, poucos efetivamente jogavam. A maioria dos demais sócios só olhava. Assim, não demorou muito e o basquete foi abandonado. Em meados dos anos 50, o basquete cedeu lugar para a quadra de tênis. Este esporte, por sua vez, também era pouco praticado pelos sócios do clube, uma vez que carregava a fama de ser apenas da chamada elite.
Já pelo fim da década de 50, inicio dos anos 60, Rui Lenz e seus amigos começaram a jogar vôlei na quadra de tênis. Surgiu o time Falcões composto por Ledo Ritzel, Rui Lenz, Elton Scherer, Jorge Wernz (falecido), Aldo Machado (falecido), João Carlos Kochenborger, Arnaldo Lindemann, Milton Spengler, William Spengler, entre outros. O grupo jogava todos os finais de semana participando, inclusive, de campeonatos de vôlei na região, conquistando diversos deles. Porém, mesmo habituados ao vôlei, Rui e sua turma resolveram praticar outro esporte. Começaram a jogar futebol de salão na quadra sem noção alguma de regra; jogavam com cinco, seis e até sete jogadores na quadra. As partidas eram realizadas entre os mesmos adversários do vôlei e aconteciam sempre após os duelos no vôlei. Um detalhe: jogavam com a bola de vôlei e improvisavam goleiras no fundo da quadra para a prática do novo esporte.
O PRIMEIRO CERTAME - O novo esporte idealizado por Rui Lenz e seus amigos acabou incentivando os demais sócios do clube a praticá-lo. Em 1965, a diretoria do clube organizou o primeiro campeonato da sociedade. Como não tinha ainda muitos praticantes, poucas equipes participaram do certame. Seu Rui e Clóvis Filter não se lembram de todas mas citaram algumas: Clube Rio Branco, Lepage, Ipiranga, Falcões, entre outras. Algumas regras foram colocadas no certame. Uma delas foi de que cada equipe podia ter no elenco apenas dois jogadores filiados à Federação Gaúcha de Futebol. Na época, o futebol de campo era muito forte em Candelária em razão da participação do Grêmio Esportivo Juventude no estadual de futebol amador. Neste primeiro campeonato, o Clube Rio Branco sagrou-se campeão, vindo a conquistar o título também em 1966 e 1967. Segundo Clóvis, o maior goleador dos primeiros campeonatos do clube foi o saudoso desportista Willi Edmundo Martin, popularmente conhecido como Lé (já falecido). “Se o jogo estava 14 a 0 podia saber que o Lé tinha feito 10 gols na partida”, observou. Os melhores goleiros da época, segundo Clóvis, foram Luis Spengler, Délio (1º goleiro do Clube Rio Branco), Cláudio Grehs (Maneco) e Ruy Kellermann. “ Esses caras fechavam o gol; pegavam muito”, salientou.
EVOLUÇÃO - Em 1966 Candelária ganhou uma agência do Banco do Brasil, e já no ano seguinte surgiu o time da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil). Consta que esta equipe trouxe uma evolução importante ao futebol de salão praticado na cidade, a partir da reconhecida superioridade técnica de seus jogadores. Quem relata a história da equipe é o ex-funcionário do Banco do Brasil de Candelária e atleta da época, que atualmente é o coordenador do curso de Educação Física da Unisc, professor Leandro Burgos. Segundo lembra, o time da AABB formou-se em 1967 com atletas locais, vindo a participar do campeonato do clube naquele ano. Mas o time que encantou Candelária se formou mesmo em 1968, com a chegada de funcionários do banco oriundos do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pelotas e Santa Cruz do Sul. Leandro destaca os seguintes atletas daquela equipe: Emilio Peti, Silvio Costa, Sérgio do Valle (Rio de Janeiro), Joaquim Darlan Carvalho (Minas Gerais), Paulo Renato Marcan (Pelotas), Luiz Alfredo Schoenell (Porto Alegre), Luiz Lhantada, Nelson Santa Catarina, entre outros. Todos estes atletas eram sócios do Clube Rio Branco e treinavam duas vezes por semana para disputar o campeonato da sociedade e os torneios bancários que eram disputados na época. O time era tão badalado que motivou a criação de uma torcida. “A arquibancada do lado da rua, ao fundo do gol, lotava, pois ali ficavam as pessoas da comunidade que não eram sócias do clube”, conta Leandro. No lado de dentro da sede do clube ficavam dois lances de arquibancada, situadas nas laterais da quadra sem proteção de tela, nas quais os sócios tinham acesso para assistir as partidas. A AABB foi campeã do campeonato do Clube em 1968 vencendo o time do Medonhos na final. Em 1969 conquistou o bi-campeonato num tumultuado jogo contra o Sulbancos. O tri veio no ano seguinte, novamente derrotando os Medonhos. De acordo com Leandro, em torno de 800 pessoas acompanhavam as finais disputadas na quadra do clube na época. O time da AABB jogou até meados de 1975 e após acabou se desfazendo. A maioria dos jogadores foi embora, mas sua passagem ficou marcada na memória dos que testemunharam as primeiras competições de futsal na cidade.

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